Por Luis Nassif
No post anterior fiz algumas brincadeiras sobre o fato de sua fraqueza ser mais responsável pela perda de rumo do que o caráter. Foi apenas um jogo de palavras.
Em tempos passados, atrás da indicação para a PGR, Janot bajulava como podia o então presidente do PT José Genoíno. Uma noite, imerso em uma das libações alcóolicas frequentes, Janot chegou a oferecer sua casa a Genoíno, para se abrigar das intempéries políticas que se abateram sobre ele com a AP 470.
Empossado PGR, sua primeira decisão foi solicitar a prisão de Genoíno, apesar de saber da inocência do ex-amigo.
Com a decisão de pedir a prisão de Miller, Janot coroa sua carreira pública com mais uma traição. Poderá acabar com a vida de um dos mais brilhantes procuradores da sua geração, cujos erros que cometeu estão a léguas de distância de um crime.
A não ser que tenha surgido uma evidência de última hora, tudo o que saiu até agora sobre Miller jamais justificaria medida tão drástica. Liquidar com a vida de um ex-colega foi a forma simples e prática de Janot, para fugir às críticas da mídia e de Gilmar Mendes.
Seu temperamento extremamente frágil permitiu esse jogo pavloviano em cima dele. Gilmar Mendes o trata como uma marionete. Basta afirmar que Janot é petista para ligar um choque mental que induz Janot a tomar atitudes drásticas contra o PT, para provar que não é. Passa três dias, Gilmar aperta de novo o botão do petismo e Janot reage da mesma maneira.
Bastou Gilmar, com a leviandade que lhe é peculiar, dizer que Janot e Miller eram ligados para Janot decretar a morte profissional e civil do colega, mandando-o à prisão.
Pelas explicações dadas até agora, em nenhum momento Miller passou qualquer informação sensível para a JBS, ou sequer teve acesso a informações da Lava Jato. Segundo explica, em algumas notas esparsas de jornais, desde o ano passado estava afastado da Lava Jato, não teve nenhum contato com a Operação Greenfield, e se afastou dos colegas até nos grupos de WhatsApp, para não dar margem a insinuações sobre seu profissionalismo.
Atropelou procedimentos burocráticos, sim. Solicitou afastamento do MPF e teve uma reunião-jantar com Joesley antes que houvesse a publicação do documento aceitando seu pedido. Se for isso mesmo, o máximo de irregularidade foi não ter obedecido a uma medida burocrática, posto que o ato de sair do MPF se materializou no dia em que solicitou o afastamento.
Espera-se que o Ministro Luiz Edson Fachin tenha o bom-senso de impedir esse assassinato de reputação perpetrado por Janot. Equiparar Miller aos barras pesadas da JBS, apenas com base nas conversas mantidas entre eles, seria o cúmulo. Ou puni-lo com prisão pela ousadia de trocar o MPF por um grande escritório de advocacia, extrapola qualquer limite.
E não se trata de demonstração de isenção, de “cortar na própria carne”. A carne da carne de Janot é uma jovem advogada, recém-formada, que, sem experiência alguma passou a participar dos processos de algumas das grandes empresas envolvidas com a Lava Jato.
Espera-se que o restante da equipe da Lava Jato na PGR, e os procuradores do Rio de Janeiro, onde Miller foi ouvido, não compactuem com esse ato de Janot. É baixaria que marcará indelevelmente por toda a vida o caráter dos autores. (Do GGN)