A prisão foi solicitada ao ministro Edson Fachin, relator das investigações da J&F, após o procurador concluir que os colaboradores esconderam do Ministério Público fatos criminosos que deveriam ter sido contados nos depoimentos.
A conclusão de que os delatores omitiram informações passou a ser investigada pela PGR na segunda-feira (4) a partir de gravações entregues pelos próprios delatores como forma de complementação do acordo, firmado também com Ricardo Saud, ex-executivo da empresa, e Francisco e Assis e Silva, advogado do grupo empresarial.
A PGR também suspeita que o ex-procurador da República Marcelo Miller atuou como “agente duplo” durante o processo de delação. Ele estava na procuradoria no período das negociações e deixou o cargo para atuar em um escritório de advocacia em favor da J&F.
Em uma das conversas, Joesley e Saud afirmam que atuariam para usar o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo com objetivo de atingir ministros da Suprema Corte. A ideia era gravar uma conversa com Cardozo na tentativa de identificar os ministros sobre os quais ele poderia ter influência. “Depois vamos botar tudo na conta do Zé”, diz Joesley no áudio divulgado pelo STF.
Por meio de sua assessoria, a J&F disse desconhecer, até o momento, a informação sobre o pedido de prisão de Joesley e de Ricardo Saud. Já a defesa de Marcelo Miller criticou o pedido de prisão, após o depoimento do ex-procurador à Procuradoria Regional da República (PRR) no Rio de Janeiro. “Nós estamos sabendo pela imprensa, agora, se realmente for verdade, causa muita espécie. Por que esse pedido de prisão antes do depoimento? Para que o depoimento, então?”, questionou o advogado André Perecmanis. (André Richter – Ag. Brasil)