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Advogado de Lula suspeita que inação de Dallagnol pode ter acobertado corrupção

A defesa de Lula informou nesta quinta (17) que entrou com um pedido junto ao juiz Sergio Moro para obrigar a equipe do procurador Deltan Dallagnol a revelar as mensagens trocadas com o Ministério Público suíço a respeito do sistema My Web Day, usado pela Odebrecht para registrar pagamentos de propina. Na nota, o advogado Cristiano Zanin levanta suspeitas sobre a história de que a turma de Dallagnol não teve acesso ao sistema porque a Odebrecht perdeu a chave.

De acordo com o informe, a Odebrecht e o MPF só deram a desculpa de que não têm mais acesso à íntegra do material que foi encontrado na Suíça 5 dias após a defesa de Lula pedir para conhecer as informações que constam no sistema. A estratégia de Zanin é mostrar que no My Web Day não tem nenhuma propina endereçada a Lula, ao contrário do que afirma a força-tarefa da Lava Jato.

O pedido foi apresentado no âmbito da ação penal em que Lula é acusado de receber vantagens indevidas da Odebrecht, como a comprar de um imóvel que o Instituto Lula nunca usou, e de um apartamento vizinho ao do petista, em São Bernardo do Campo (SP), que foi adquirido por Glauco Costamarques, um contato de José Carlos Bumlai.

Além de acesso às comunicações trocadas entre a equipe de Dallagnol e o MP suíço, a defesa de Lula pediu para suspender audiências e reinquirir testemunhas de defesa. Isso porque os procuradores de Curitiba inseriram, de última hora, uma série de documento na ação penal que não foram submetidos ao contraditório.

Os pedidos devem ser analisados por Sergio Moro.

Abaixo, a nota completa da defesa.

Na condição de advogados do ex-Presidente Lula requeremos na data de hoje (17/08) ao Juízo da 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba, nos autos da Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000/PR, que determine ao Ministério Público Federal a apresentação de todas as correspondências trocadas com o Ministério Público da Suíça a respeito desse sistema “My Web Day” — apresentando inclusive a via eletrônica dos documentos para que sejam submetidos à perícia.

O MPF afirmou que não teve acesso a “cópia integral” do sistema a despeito de um dos colaboradores do Grupo Odebrecht ter declarado em proposta de delação estar na posse da chave correspondente e somente ter se retratado dessa afirmação 5 dias após a defesa ter requerido o acesso ao “My Web Day”.

A defesa também pediu na mesma petição a suspensão dos interrogatórios marcados para o mês de setembro a fim de submeter ao contraditório papéis que foram juntados em 03/08 pelo Ministério Público, após a realização de 34 audiências e a oitiva de 97
testemunhas.

O MPF promoveu a juntada tardia de papéis ao processo, impedindo que a defesa pudesse indagar às testemunhas sobre esse material. Há necessidade de dar oportunidade para que as testemunhas indicadas pela defesa sejam reinquiridas. A juntada desses papéis também não foi acompanhada de qualquer indicação de origem e devem ser objeto de uma perícia. (Do GGN)

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