Em “Chulos”, três Reis Magos peregrinam pelo mundo e profetizam o nascimento de um novo rei. O mundo, porém, não acredita mais em profecias e, no meio da indiferença e da desesperança, os três magos testemunham o inusitado: o nascimento de palhaços que celebram e protegem o nascimento do novo.
A criação conta com a orientação dramatúrgica de Luís Alberto de Abreu, propondo uma interface com a dramaturgia teatral e auxiliando na condução dos elementos e argumentos desta encenação. Além disso, “Chulos” também tem direção musical, assinada por Lincoln Antonio, que mistura canções originais com outras do cancioneiro popular brasileiro, tudo executado ao vivo, em cena. Não é só o ritmo tradicional da Folia de Reis que aparece; também é possível ver influência do hip hop em alguns momentos. Assina o figurino e adereços, Marichilene Artisevski, que já foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro nessa categoria.
Além do próprio Ivan Bernardelli, estão em cena Diogo de Carvalho, Flávia Teixeira, Hélio Feitosa, Junior Gonçalves, Kleber Cândido e Mônica Augusto. Após a temporada de estreia, o espetáculo circulará pela cidade de São Paulo, região central e periferias, fazendo apresentações em espaços abertos.
A Folia de Reis é uma manifestação cultural tradicional no País e, ainda em diversas partes do Brasil é possível ver grupos de sanfoneiros, violeiros e instrumentistas peregrinando pelas casas reencenando o fragmento épico do cristianismo popular que narra o nascimento do menino Jesus. Nas Folias de Reis, os palhaços são figuras extremamente importantes: eles são os míticos soldados de Herodes, que se converteram e disfarçaram de palhaços. Representam o eterno equilíbrio dual entre o bem e o mal. Por isso, utilizam máscaras com elementos animalescos (chifres, dentes afiados, língua para fora, entre outros) com caráter grosseiro e diabólico.
Nas Folias de Reis (principalmente no Espírito Santo e no sul dos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais), os palhaços executam a chula, dança de desafio formada por um conjunto de movimentos espalhafatosos com saltos, giros e acrobacias – em alguns casos entremeados por versos – depois da execução das rezas e cânticos dentro das casas dos convivas (a cujo interior os palhaços são proibidos de entrar). Este é precisamente o ponto de conexão com o trabalho da DUAL.
Ivan sempre buscou virtuosidade nos movimentos de suas criações, por isso se encantou pela chula: “Chulos é um espetáculo de rua. Além dos recursos visuais, trabalhamos também com uma dramaturgia teatral costurada com a coreografia que nos possibilita gerar proximidade com a platéia”.
O público terá a oportunidade de participar de uma verdadeira celebração dos nascimentos, metáforas de um possível salvador. Além disso, a trupe também promove a mágica transformação dos figurinos em cena, revelando situações que costumam acontecer nos bastidores para a cena aberta.
Dirigida por Ivan Bernardelli, a Dual realiza trabalhos artísticos e pedagógicos a partir de mitologias, fenômenos históricos e temas relacionados à cultura brasileira. Entre seus principais trabalhos estão Duo Para Dois Perdidos (2012), baseado no universo do espetáculo Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio Marcos; Terra Trêmula (2014), que propõe o encontro de Ogum com São Miguel Arcanjo em meio aos contrastes de luz e sombra do barroco brasileiro; e Profetas da Selva (2016), que mergulha no mundo indígena para tratar das extensas jornadas territoriais rumo à Terra Sem Mal, prometida pela mitologia Guarani. Em 2016 recebeu o Prêmio Brasil Criativo na categoria Dança. Participou de mostras e festivais de Teatro e Dança nos Estados da Bahia, São Paulo, Pará, Rio Grande do Sul e Ceará; e nas cidades de Santa Cruz de la Sierra e La Paz, na Bolívia. (Carta Campinas com informações de divulgação)
CHULOS – De 15 a 30 de julho, sábados e domingos, às 16h, no Sesc Pompéia. Local: DECK. Livre. Grátis (não é necessária a retirada de ingressos antes). Duração: 50 minutos.
FICHA TÉCNICA
CONCEPÇÃO E DIREÇÃO: Ivan Bernardelli
ELENCO: Diogo de Carvalho, Flávia Teixeira, Hélio Feitosa, Ivan Bernardelli, Junior Gonçalves, Kleber Cândido, Mônica Augusto
ORIENTAÇÃO DRAMATÚRGICA: Luís Alberto do Abreu
ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: Mônica Augusto
DIREÇÃO E PREPARAÇÃO MUSICAL: Lincoln Antonio
LUTHIER TAMBORES E GUNGA: Vado Pimenta
LUTHIER RABECA: Nelson da Rabeca
FIGURINO e ADEREÇOS: Marichilene Artisevskis
COSTUREIRA: Judite Gerônimo de Lima e equipe
MÁSCARAS: Raone Ligeirinho VR
FISIOTERAPIA: ft. Leandro Fukusawa
AULAS DE DANÇA ACROBÁTICA: Diogo Granato
FOTOGRAFIAS: Alícia Peres e Natália Pilati
REGISTRO EM VÍDEO: Bela Baderna
DESIGN GRÁFICO E DIGITAL: Ivan Bernardelli
ESTAGIÁRIO: Paulo Cavalcanti
PRODUÇÃO: Solange Borelli – Radar Cultural Gestão e Projetos
APOIO: Complexo Cultural Funarte SP
Este espetáculo integra as atividades que compõem o projeto contemplado pelo 20º Edital de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo
Sesc Pompéia – Rua Clélia, 93. Telefone para informações – (11) 3871-7700.