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Veja como funciona a repressão e a censura em época de Ditadura Judicial

O relato feito pelo jornalista Leandro Fortes parece mostrar como funciona a censura e a repressão a sites independentes que combatem a manipulação da grande mídia. Veja o valor da condenação por uma matéria na Internet, um absurdo. Jornalista teve conta do banco bloqueada. Agora compare essa condenação de uma reportagem jornalística com um outro caso assustador.

Por Leandro Fortes

A história é a seguinte: em 25 de maio de 2012, há quase cinco anos, portanto, publiquei uma matéria na revista e no site da CartaCapital revelando que o araponga da Aeronáutica Idalberto Matias Araújo, o Dadá, considerado o braço direito do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira, negociou com o então diretor da sucursal da revista Época, em Brasília, Eumano Silva, a publicação de informações contra a empresa Warre Engenharia, uma concorrente da empreiteira Delta em Goiás.

Por causa da reportagem, publicada pelo grupo na Época (“O ministro entrou na festa”), a Warre figurou na lista de suspeitas da Operação Voucher da Polícia Federal, que mais tarde resultou na queda do então ministro Pedro Novais (Turismo). Para quem não lembra, Cachoeira era uma espécie de sócio oculto da construtora Delta – fato amplamente revelado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Na reportagem veiculada no site da Carta, ainda disponibilizei os áudios dos grampos feitos pela PF, para não deixar dúvidas do que eu estava falando. Um escândalo completamente documentado.

Aqui, diversas informações a respeito: http://bit.ly/2nq7NKh.

Ainda assim, o Tribunal de Justiça do DF acatou a ação de calúnia que Eumano abriu contra mim e arbitrou uma indenização que, com encargos e correções monetárias, está perto de 100 mil.

Isso mesmo: 100 mil reais pela ousadia de denunciar um jornalista das Organizações Globo.

A revista entrou com recurso no STJ, mas fui surpreendido com o bloqueio judicial da minha conta corrente, onde estavam os parcos recursos com os quais pago as contas e as despesas da família – o que inclui dois filhos, dois enteados, uma mãe idosa, cinco gatos e quatro cachorros – porque um juiz de Brasília acatou a antecipação de tutela solicitada por Eumano.

O uso do Poder Judiciário em casos como esse não chega a ser uma novidade. Desde o surgimento da blogosfera, no final dos anos 2000, sufocar financeiramente blogs, blogueiros, jornalistas independentes e veículos de esquerda tem sido prioridade absoluta, nesse sentido.

A CartaCapital sempre foi alvo preferencial dessas ações, e mais agora, justamente no momento em que o governo federal tirou-lhe a publicidade oficial para aumentar, em 900%, os recursos encaminhados à mídia que apoiou o golpe de 2016.

Sem recursos – eu e a Carta – para fazer frente a essa clara ação intimidatória, estou abrindo esse canal de crowdfunding para cobrir os valores arbitrados pela Justiça. E, assim, continuar de pé nessa luta que ainda deverá durar muito tempo.

Agradeço, antecipadamente, a solidariedade e o carinho de todos e todas, a quem peço que compartilhe esse post.

Em especial, ao meu amigo Renato Rovai, por ter me cedido esse espaço de defesa e opinião, agora, no site da Revista Fórum, o meu blog “Brasília, eu vi” – onde quem quiser pode ir lá para fazer uma contribuição, qualquer contribuição, a essa luta.

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