Durante o escravismo
Os senhores não davam sapatos
Para os pobres escravos
Por considerarem assistencialismo
E sentiam certo arrependimento
Quando com pés purulentos
Os escravos não podiam trabalhar
Não que ficassem compadecidos
Mas porque tinham prejuízos
Até verem cada ferida sarar.
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Os restos de comida dos senhores
Serviam para alimentar os servos
Cujos músculos e nervos
Não suportavam os labores
E ainda em tenra idade
Conquistavam a liberdade
Da maneira mais torpe
Porque depois da agonia
Recebiam a carta de alforria
Oferecida pela morte.
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A história permanece
Reinventando-se ainda triste
Quando os senhores das elites
Tiram os sapatos da plebe
E a prende nas novas senzalas
Para com restos alimentá-la
E negar os seus direitos sociais
Os modernos escravocratas
Hoje empunham a chibata
Das medidas neoliberais.
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