70 colagens do artista e poeta tcheco Jiri Kolar estão reunidas em mostra no Instituto Tomie Ohtake

“Apple”, de 1965

Em São Paulo – De 15 de fevereiro a 2 de abril, pode ser vista no Instituto Tomie Ohtake a mostra “As descobertas de Jiří Kolář: colagem e experimentação”, que apresenta 70 colagens do artista e poeta tcheco Jiri Kolar.

Um dos representativos nomes da arte do século XX, oriundo da Europa Central, Jiří Kolář, (Protivín, 1914 –Praga, 2002) ganha a primeira exposição individual no Brasil. O artista tcheco, que também se notabilizou como poeta, escritor e tradutor, foi um dos premiados da 10ª Bienal de São Paulo (1969), conhecida como “Bienal do Boicote”. Kolář esteve ainda, ao lado do alemão Joseph Beuys e dos brasileiros Hélio Oiticica, Lygia Clark, Cildo Meireles, entre outros, na coletiva Além dos Preceitos: a experiência dos anos sessenta, que aconteceu no Paço Imperial RJ e no MAM SP (2001/2002).

As cerca de 70 obras reunidas nesta mostra com curadoria de Jiří Machalický são provenientes do Museu Kampa – Coleção Jan e Meda Mládek, em Praga. Segundo o curador, são trabalhos concebidos no período mais importante da produção de Kolář, ou seja, anterior à sua emigração de Praga para Berlim e depois para Paris. Ainda para Machalický, essa foi a época fundamental na formação das convicções do artista, momento em que deixava a poesia escrita para substituí-la pela expressão visual, na qual usava abordagens semelhantes às da criação literária.

O artista começou a se dedicar à colagem nos anos 1930, quando fez uma exposição com trabalhos atrelados à visualidade surrealista, no Teatro D 37, local que E.F. Burian disponibilizava para jovens artistas progressistas. Mais tarde, junto ao Grupo 42, que reunia pintores, fotógrafos, poetas e teóricos, Kolář afastou-se das artes plásticas, dedicando-se progressivamente à poesia, expressão pela qual foi tão admirado pelos outros membros do grupo.

Segundo o curador, os anos 1940 foram decisivos para o artista, momento em que passou a colecionar materiais que representavam sua relação com a cidade, com a história e com as descobertas na ciência e na tecnologia. Tal repertório apontava a sua extraordinária abertura para apreender o mundo em toda a sua diversidade e, ao mesmo tempo, retomava sua expressão nas artes plásticas.

“Kolář aplicava em suas composições alguns princípios literários como, por exemplo, a sobreposição livre dos temas, o ritmo da composição das palavras e frases, a versologia, etc.”, explica o curador. Depois de anos de experimentação, no final dos 1950 e início dos 1960, descobriu seus procedimentos principais, nos quais a palavra se transforma em instrumento artístico e compositivo, assim como os acontecimentos políticos internacionais tornam-se temas recorrentes.

A obra de Jiří Kolář foi apreciada, desde a primeira metade dos anos 1960, em países como França, Alemanha, Itália e Estados Unidos, onde foram organizadas exposições em instituições prestigiadas e editadas grandes monografias. Na Tchecoslováquia totalitária havia silêncio – não havia exposições, tampouco era possível adquirir obras para coleções oficiais. Tanto seus trabalhos quanto os de outros artistas – tchecos e estrangeiros – que o próprio Kolář possuía, foram apreendidos pelo Estado após sua saída forçada da Tchecoslováquia e entregues à Galeria Nacional em Praga. Apenas depois da queda do regime comunista, no final da sua vida, foi reconhecido e admirado em seu próprio país. Os museus e galerias tchecos e eslovacos competiam, nos anos 1990, para a organização de exposições sobre seu trabalho. Dois anos antes de seu falecimento, foi apresentada uma grande retrospectiva na Galeria Nacional em Praga (1999-2000), acompanhada por uma monografia representativa com textos de Josef Hlaváček, Jan Rous e Jiří Machalický.

Mais informações no SITE do Instituto Tomie Ohtake. (Carta Campinas com informações de divulgação)

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