Por Allan Yzumizawa
Esse projeto busca ser uma voz de representatividade da mulher por meio da transgressão de sua imagem, a qual é moldada pela sociedade através do machismo, do capital e dos veículos publicitários. Portanto, suas oficinas de desenhos tentam desconstruir essa imagem, incentivando as participantes a produzirem imagens que saiam do contexto imposto socialmente.
A exposição apresentou um conjunto de desenhos e pinturas de pequenos e grandes formatos. As imagens, em sua maioria, ficam num limiar do figurativo e do abstrato, que dessa forma, cria um diálogo muito forte com suas espectadoras. As pinturas em grande escala, ao mesmo tempo que nos convidam, nos intimidam com sua forte presença que dão vozes às mulheres que por muitos anos, dentro da arte, foram silenciadas.
Subverter essa representação dentro da própria linguagem da pintura – que sempre foi muito machista – é um ato extremamente político se levarmos em conta a perspectiva de Rancière. Segundo o filósofo, a arte crítica não é efetiva no conteúdo de sua mensagem, mas efetiva quando se estabelece uma reconfiguração da partilha do sensível. Essa partilha, determina o que se dá a perceber, o que é visto, o que é ouvido, e quais corpos participam e têm o direito dentro de uma comunidade.
Portanto, o projeto ROBUSTAS subverte o posicionamento desses corpos-pintores que através do seu devir-macho representam uma mulher (muitas vezes objetificada) – como já denunciado pelo coletivo Guerilla Girls. Agora, trata-se de mulheres que se representam dentro de suas próprias perspectivas, lançando olhares e formas que vão de encontro a modelos disseminados.