A exposição reúne objetos, fotos e documentos do aviador expostos com imagens que resgatam os balões, dirigíveis e aeroplanos. Há, ainda, uma reprodução de sua biblioteca, com publicações que o inspiraram, além de alguns títulos de sua autoria.
“Uma das coisas que eu acho bem curiosas é o livro [Viagens Extraordinárias], do Júlio Verne, que inspirou esse desejo dele por voar. É um livro em francês muito bonito e aí tem aquelas máquinas voadoras, os balões. Ele mesmo [Dumont] depois escreve em um livro que, com a leitura do Júlio Verne, foi que ele despertou para esse mundo da aviação, que nem era aviação na época, era o desejo de voar”, contou a curadora Luciana Garbin.
Um dos destaques da exposição é uma réplica em tamanho real do seu famoso aeroplano Demoiselle. “Reproduzimos a Demoiselle em tamanho natural, que era a obra-prima dele. É curioso que ele, nessa coisa dos aeroplanos, dos aviões, teve a preocupação que ele nunca quis patentear o que estava criando, porque ele achava que tinha que ser aberto para a humanidade”, disse a curadora.
O inventor disponibilizou todas as plantas da Demoiselle em uma revista da época e, segundo Garbin, muita gente construiu avião a partir dessas plantas. “Tinha uma empresa, por exemplo, que fez mais de 40 para vender. Estima-se que foram feitas mais de 200 Demoiselles no mundo”, disse Luciana.
A mostra conta, ainda, com grande quantidade de jornais, devido a um costume de Santos Dumont que, para não perder nada do que era publicado sobre ele e suas invenções mundo afora, contratou pelo menos quatro empresas especializadas em rastrear jornais. Assim, toda vez que seu nome era mencionado, ele recebia um recorte da reportagem. Apesar de muitos deles estarem em francês, é possível ler os textos traduzidos, junto aos originais.
A mostra revela a personalidade de Dumont, encoberta pela repercussão de sua mais famosa criação, o aeroplano 14 Bis, cujo primeiro voo completa 110 anos. Santos Dumont foi, além de pai da aviação, esportista, designer, inventor e uma personalidade referência.
A curadora ressalta que há muito mais para se descobrir sobre esse notável brasileiro nascido em 20 de julho de 1873 no Sítio Cabangu, em Palmira (MG), na Serra da Mantiqueira. Em 1879, foi viver com a família em Ribeirão Preto (SP), onde o pai tornou-se “rei do café” e ele mesmo começou a descobrir a mecânica nas máquinas rurais.
“Os brasileiros em geral têm um carinho por ele, mas os brasileiros conhecem pouco sobre ele. Sabem que ele foi o pai da aviação, que inventou o 14 Bis, mas não sabem um monte de coisa legal que ele fez na vida, um monte de coisa importante. Nossa grande expectativa com a exposição é ampliar essa visão que se tem sobre Santos Dumont. Ele foi muito mais do que o pai da aviação e o inventor do 14 Bis”, afirmou Luciana.
Em um ambiente em que são projetados vídeos históricos de seus voos e fones de ouvido que tocam músicas que falam do inventor, a mostra apresenta espaços definidos como “Da fazenda para o mundo”, que trata de sua origem e ambienta como viveu em família, na infância, na adolescência no interior do Brasil, como se formou, os livros que leu e o inspiraram, como “A volta ao mundo em 80 dias”, de Júlio Verne, e anotações de sua irmã sobre ele.
O espaço “O Rei de Paris” fala de seu trabalho e experimentos, do auge da sua produção, do sucesso e prestígio mundial, entre balões, aviões e dirigíveis. Em “Outros Inventos”, o público fica conhecendo as criações de Dumont além da aviação. “Volta ao Brasil”, mostra o aviador recebido por multidões e como seguiu a sua vida como fazendeiro e escritor em propriedades da família, seu cotidiano, a morte e as homenagens que recebeu.
A entrada é gratuita. (Camila Boehm/Agência Brasil)