Em artigo na Folha de S. Paulo, o jornalista Jânio de Freitas mostra como o crime compensa para alguns na concepção jurídica de Sérgio Moro, juiz da Operação Lava Jato. Moro já havia liberado outro delator da Petrobras.
No texto, Jânio analisa o caso do principal delator da Operação Lava Jato, Alberto Youssef, e diz que o juiz de Curitiba exerce uma “justiça” a altura de um pacto com delatores para incriminar e devastar a Petrobras e o PT.
Para ele, Moro concedeu benefício para Youssef que não poderia ser dado. Youssef foi condenado a 121 anos de prisão, já está livre da cadeia e poderá agora usufruir do resultado dos crimes. Jânio lembra o escândalo do Banestado, em que coincidentemente, o juiz era Sérgio Moro e o delator também era o Youssef.
Diz Jânio:
“Na grande bandalheira feita por meio do Banestado, do Paraná, cuja apuração e punição nunca chegou ao verdadeiro fim, Youssef recebeu o prêmio de uma delação privilegiada que, porém, significava o compromisso de não voltar ao crime. Ou perderia aquele e qualquer outro benefício futuro.
Delinquente desde a adolescência, Alberto Youssef logo voltaria ao tráfico, pelo menos de dinheiro. Preso outra vez, não poderia ver repetido o privilégio que já traíra. Mas recebeu-o do mesmo Sergio Moro.
Sua contribuição para devastar a Petrobras do pré-sal, o PT e Lula foi substanciosa, sem dúvida. À altura de um pacto. Todos os contribuintes para essa missão vão recebendo o seu prêmio de liberdade e reencontro da vida afortunada”.
Mais a frente, Jânio de Freitas define a concepção de justiça de Sérgio Moro: “O conceito de privilégio está arraigado também na concepção de moralidade judicial que conduz a “nova fase” do Brasil”.