Na verdade, vivemos o ódio ao conhecimento e ao saber, como bem nos alerta Márcia Tilburi e Rubens Casara no artigo ‘Ódio à inteligência: sobre o anti-intelectualismo’.
O ódio ao PT (Partido dos Trabalhadores) foi só um pretexto. O que se odeia é a razão. Não é por acaso que alguns dos líderes dessa revolução são pastores fundamentalistas.
E fez sentido usar o ódio ao PT porque é um partido que disputa o poder. E mais, na origem, o PT se consolidou com uma união entre intelectuais e trabalhadores. Essa foi sua força inicial que aos poucos foi se perdendo pelo caminho.
Mas no plano mais abaixo da superfície, tudo que está relacionado ao conhecimento, ao saber, à reflexão, ao pensamento crítico deve ser odiado. Então, todos que usam a racionalidade para criticar os absurdos atuais do Brasil, o golpe, as rupturas constitucionais, são classificados como ‘petistas’. O ódio ao PT é a máscara para esconder o ódio à inteligência.
Para Tilburi e Casara, diversos exemplos de anti-intelectualismo podem ser observados na sociedade brasileira. “Desde a caricata presença do ator Alexandre Frota (menos pelo que ele é, mas sobretudo pelo que ele representa) como formulador de políticas públicas do Ministério da Educação ao projeto repleto de ideologia (e mais precisamente: da ideologia, de viés autoritário, da “negação do saber”) da “Escola sem partido”. Do silêncio em torno da exclusão de disciplinas (filosofia, sociologia, artes, etc.) do ensino médio (MP 746) à expressiva votação de candidatos que apostam no uso da força, em detrimento do conhecimento, como resposta aos mais variados problemas sociais. Do descaso com a educação (consagrado na PEC 241) ao tratamento conferido aos professores em todo Brasil”, relembram os autores do texto.
É uma revolução histórica. Queremos ser ignorantes, não queremos educação nem saúde.
Veja algumas peças recentes do Ministério Público e da própria polícia. Queriam investigar um tal ‘Mikhail Bakunin’ nas manifestações. Depois o MP queria prender Lula e citaram a dupla ‘Marx e Hegel’.
Mas toda essa loucura revolucionária só foi possível com o papel fundamental da grande mídia para alavancar o ódio à inteligência. Veja, Folha, Estadão, Época, Globo etc. Todos esses veículos contrataram, nos últimos anos, sempre um idiota para destilar o ódio e fomentar a ignorância. Em nome da ‘pluralidade’, insuflaram a estultice.
Eles ganharam força, viram que não estavam sozinhos, então o idiota saiu do armário.
O idiota gritou contra Paulo Freire sem nunca ter lido um livro do autor.
O idiota vestiu a camisa amarela de uma das organizações mais envolvidas em corrupção do planeta para bradar contra a corrupção.
O idiota pediu escola e saúde em nome de políticos que iriam destruir o que havia sido construído de educação e saúde.
Todos nós somos um pouco otários por sermos humanos, mas os idiotas pediram democraticamente uma ditadura.
No Brasil do ódio à inteligência, não basta ser idiota. É preciso ser um idiota de verde e amarelo.