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Com atmosfera onírica, grupo Sobrevento apresenta espetáculo ‘Só’

Em São Paulo – O grupo Sobrevento reestreia em São Paulo o espetáculo ‘Só’ no próximo dia 01 de outubro, em temporada gratuita até 18 de dezembro de 2016, no Espaço Sobrevento. O espetáculo aborda a solidão de forma delicada e, ao mesmo tempo, contundente, através das vulnerabilidades e sonhos de pessoas que buscam algo que nunca poderão alcançar. Com temática adulta e atmosfera onírica, o espetáculo comemora os 30 anos aos quais o grupo dedica-se à maciça pesquisa em teatro de animação voltado para adultos. O espetáculo faz parte do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

Sob direção de Luiz André Cherubini e Sandra Vargas, os atores-criadores, Maurício Santana, Sueli Andrade, Daniel Viana, Liana Yuri e Sandra Vargas interpretam as cinco personagens que transformam objetos como cadeiras em miniatura e pequenos aviões em elementos poéticos e metafóricos, dando vida à situações distintas e não sequenciais, que terminam por encontrar-se em suas solidões particulares. “Os cinco personagens, mais que cinco vidas, são cinco caminhos que terminam por encontrar-se, nas suas solidões”, define um dos diretores, Luiz André Cherubini.

Só é fruto de um intercâmbio internacional com duas referências mundiais do Teatro de Objetos: a artista belga Agnés Limbos, diretora da Companhia Gare Central, um dos nomes mais importantes do Teatro de Objetos no mundo, e Antonio Catalano, um dos maiores atores da Itália, artista plástico premiado na Bienal de Veneza e fundador da Casa Degli Alfieri. O músico brasileiro Arrigo Barnabé, autor da trilha sonora original, soma-se à equipe oferecendo texturas no mínimo diferenciadas, enquanto a iluminação cabe ao premiado Renato Machado, colaborador e integrante do Sobrevento desde sua fundação.

Só estreou em julho de 2015, no Itaú Cultural, na cidade de São Paulo, e ficou em cartaz no Espaço Sobrevento até setembro do mesmo ano. Em 2016, foi apresentado em Campo Grande (MS) e cumpriu temporada no CCBB, no Rio de Janeiro. Além de críticas elogiosas, o espetáculo recebeu indicação ao Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), como Melhor Espetáculo, e indicações ao Prêmio Aplauso Brasil, como Melhor Espetáculo e Melhor Trilha Sonora Original.

A pesquisa para a montagem partiu do livro O Desaparecido ou Amerika, romance inacabado de Franz Kafka, escrito entre 1912 e 1914. Trata das desventuras de um rapaz alemão expulso de casa pelos pais, depois de ter engravidado a empregada. No entanto, o Sobrevento percebeu que as palavras não davam conta da narrativa e por isto não tentou encenar o texto de Kafka, mas a partir dele iluminar e desenvolver a questão da desumanização nas grandes cidades e no mundo moderno. “Embora as palavras de Kafka não estejam em cena, a atmosfera de sua obra terminou por impregnar o espetáculo. E para criar esta realidade particular, o Sobrevento uniu-se a artistas reconhecidos pelo desejo de criar novos mundos”, explica a diretora Sandra Vargas.

Levando à cena abordagens sobre o desajuste, a necessidade de se relacionar que parece cada vez mais árdua num mundo cada vez mais populoso, cada vez mais conectado e menos humano, Só tem na trilha sonora do compositor Arrigo Barnabé – de quase duas horas – a partitura que quebra o silêncio e a ausência de diálogos. O figurinista João Pimenta, colaborador do Sobrevento desde 2013, criou figurinos impactantes. Mais que cobrir as personagens, propôs revelá-las por meio de elementos que utilizou na confecção das roupas.

Só é uma encenação envolvente, com uma atmosfera onírica construída a partir de imagens soltas, efeito obtido graças à pouca distância entre o espectador e a cena e à primorosa iluminação de Renato Machado. Com ela, os detalhes ganharam força. Não há uma sequência cronológica a orientar a narrativa. A luz propicia também a troca de cenários, sem o previsível black out, e o efeito de mixagem visual de algumas cenas: com uma cena ainda iluminada, outra começa a se insinuar, transferindo o foco de atenção do espectador e propondo novos significados. Um cenário vai dando lugar a outro e o espaço vai se transformando no decorrer da apresentação, mas cada cena deixa um “rastro”: um objeto que fica, suspenso ou abandonado pelo chão, para compor uma instalação final, que pode ser visitada pelo espectador como uma exposição, um “museu da solidão”.

Com a colaboração de artistas de peso, o Sobrevento pôde chegar a um espetáculo maduro, digno de comemorar uma trajetória ininterrupta de 30 anos de trabalho, dedicado à pesquisa do Teatro de Animação para adultos.

Formado em 1986, o Sobrevento é um grupo profissional de teatro que mantém um repertório de espetáculos e que se dedica à pesquisa, teórica e prática, da animação de bonecos, formas e objetos. Desde sua fundação, mantém um trabalho estável e ininterrupto e tem-se apresentado em mais de uma centena de cidades de 17 estados brasileiros. O grupo esteve, também, no Peru (1988), Chile (1996, 2002 e 2009), Espanha (1997, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008 e 2010), Colômbia (1998 e 2002), Escócia (2000), Irlanda (2000), Argentina (2001), Angola (2004), Irã (2010), México (2010), representando o Brasil em alguns dos mais importantes Festivais Internacionais de Teatro e de Teatro de Bonecos.

Os espetáculos do Grupo são muito diferentes entre si, quer seja na temática, quer seja na forma, na técnica de animação empregada, no espaço a que se destina ou no público a que se dirige. Têm recebido, constantemente, Prêmios ou indicações para Prêmios da importância do Mambembe (Funarte/Ministério da Cultura), Coca-Cola, Shell, APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Maria Mazzetti (RioArte), sendo sempre apontados pela crítica especializada entre os melhores de suas temporadas. Por duas vezes consecutivas, em 1994 e em 1995, o Sobrevento recebeu do Ministério da Cultura o Prêmio Estímulo, pelo conjunto dos seus trabalhos e “pela sua contribuição ao panorama das Artes e da Cultura do país”. Em 2016, o Sobrevento festeja os seus 30 anos. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ficha técnica

Direção: Luiz André Cherubini e Sandra Vargas / Dramaturgia: Luiz André Cherubini, Sandra Vargas, Sueli Andrade, J. E. Tico, Liana Yuri, Daniel Viana e Maurício Santana / Elenco: Sandra Vargas, Sueli Andrade, Liana Yuri, Daniel Viana e Maurício Santana / Iluminação: Renato Machado / Trilha sonora: Arrigo Barnabé / Figurino: João Pimenta

01 de outubro a 18 de dezembro de 2016
Sábados e domingos, às 20h
Espaço Sobrevento – Rua Coronel Albino Bairão, 42 – Metrô Bresser – São Paulo – SP
Telefone para informações: (11) 3399-3589
Classificação: 14 anos/ Duração: 100 min/ Capacidade: 70 lugares
Ingressos gratuitos disponíveis meia hora antes na bilheteria ou por reservas pelo e-mail info@sobrevento.com.br, válidas até 15 min antes do início do espetáculo.

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