Segundo pesquisa da matemática Karina Maretti Strangueto, realizada no Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, se for usado apenas 8% da área total dos reservatórios brasileiros é possível aumentar em pelo menos 70% a geração de energia elétrica no país sem precisar construir mais nenhuma hidrelétrica. Os números se referem ao consumo de energia elétrica no Brasil no ano de 2014, que foi de 624 GWh.
Esse valor se refere ao uso de apenas 8% da área dos reservatórios, ou seja, as placas ocupariam apenas 8% da superfície dos reservatórios. Se for ocupada a maior área estimada pela pesquisa, que seria 80% dos reservatórios, a produção de energia subiria para 4.443.326 GWh. É uma quantidade tão grande que representa 7 vezes o valor consumido no Brasil.
Para a pesquisadora Karina, não há dúvida, sobre o potencial da energia fotovoltaica. “Claro que devem ser superados ainda os problemas dos altos custos e estudados eventuais impactos ambientais, mas o estudo deixa clara a importância de investir em tecnologias alternativas. Os dados mostram que o potencial desse sistema no Brasil é extremamente alto”, afirmou ao jornal da Unicamp.
A pesquisa, orientada pelo professor Ennio Peres da Silva, teve como base de cálculo as 165 principais hidrelétricas brasileiras. Em cada reservatório, a pesquisadora adotou dois cenários em relação à ocupação de suas áreas pelo sistema: um baixo, prevendo a utilização de 8%, e outro alto, com utilização de 80%. No Brasil, apenas 0,02% da matriz energética é de origem fotovoltaica.
O sistema de placas também seria complementar às hidrelétricas, que teria maior produção de energia na época das chuvas, enquanto as placas poderiam controlar o nível do reservatório na estiagem, evitando comprometer o abastecimento de água.
Outro efeito das placas solares sobre os reservatórios seria a diminuição da evaporação, ao absorver parte da radiação solar. Uma questão importante e que precisa ser avaliada, no entanto, são os possíveis impactos ambientais. E isso precisa de testes e estudos. Por exemplo, conhecer a consequência dessas placas para a vida no lago, para a oxigenação da água, para os microrganismos, para os peixes menores e toda a cadeia alimentar. (Carta Campinas)