Ícone do site CartaCampinas

‘Galileu Galilei’, com Denise Fraga, terá apresentações em Campinas

O espetáculo Galileu Galilei, baseado em texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, da diretora Cibele Forjaz, com Denise Fraga e grande elenco, será apresentado no Teatro Iguatemi, em Campinas, nos dias 26, 27 e 28 de agosto e 2, 3 e 4 de setembro, sextas e sábados às 21h, domingos, às 19h.

A importância dessa revisita a Bertolt Brecht é justamente o seu caráter popular, já comprovado no grande êxito de Alma Boa de Setsuan, que ficou em cartaz por dois anos e meio, com mais de 220 mil espectadores. Foi durante esse período que surgiu a ideia de montar Galileu Galilei, que realizou uma temporada de 4 meses em São Paulo e foi visto por mais de 30.000 pessoas.

No espetáculo, Denise Fraga dá vida ao grande cientista italiano redesenhado por Brecht, que se apropria desta situação histórica e, com afiado humor e ironia, abre ramos da riqueza desse conflito para além do acontecimento.

Brecht costumava falar em seus diários da necessidade de Divertir para comunicar e empregou essa receita em toda a sua obra. “Ele se faz valer de uma boa história, do humor e do entretenimento para deixar claras as suas ideias. A grande estrela de Galileu Galilei é o poder da palavra. A clareza de raciocínio, o humor, o fio inebriante por onde Brecht escolhe contar essa história nos leva passo a passo a um profundo estado de reflexão”, relata Fraga.

Na Itália do século XVII, Galileu consegue construir um telescópio melhor que os existentes e explorar os céus como nunca antes haviam conseguido. Com os satélites de Júpiter, ele finalmente comprovaria a doutrina de Copérnico de que o Sol é o centro do Universo e de que a Terra se move e gira em torno dele. Galileu passa a defender e a propagar esta ideia, apesar de saber que ela era contrária ao dogma da Igreja. Entretanto, este homem apaixonado, o cientista genial movido por uma nova verdade, vê os senhores do poder estabelecido se negarem à obviedade dos fatos.

A ideia da Terra não ser o centro do Universo ameaçava convenientes estruturas de poder. Estávamos em 1609, em pleno movimento da Contrarreforma. Galileu tinha muito prestígio e amizades dentro do próprio clero e acreditou que, com este escudo, poderia seguir em frente para instalar seu novo esquema de mundo. Ledo engano. Foi perseguido pela Santa Inquisição, processado duas vezes, e, ameaçado de tortura, foi obrigado a negar, abjurar, suas ideias publicamente. Somente em 1992, mais de três séculos após a sua morte, a Igreja reviu o processo da Inquisição e decidiu pela sua absolvição.

Mas não é só da biografia de Galileu que Brecht quer falar. Brecht coloca em xeque o herói, seu significado social, a discutível necessidade de sua existência numa sociedade que compromete sua liberdade em seus inevitáveis jogos de poder. Com isso, chama toda a plateia para compartilhar de sua questão.

O espetáculo desvenda o fazer teatral diante do público, com atores que manipulam o cenário, totalmente disponíveis artisticamente para contar a história que Brecht reinventou, trazendo à cena uma profusão de formas, conceitos, parodias grotescas, cenas pungentes, emoção e muito riso, um estranhamento carnavalizado com a intenção de, talvez, criar um espetáculo genuinamente épico brasileiro. O elenco mistura atores parceiros de longa data de Denise e de Cibele, em sua Cia Livre: Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristela Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren.

A trilha sonora de Lincoln Antônio e Théo Werneck cria novas canções, ambientes sonoros e reinventa músicas originais de Hanns Eisler para a obra original de Brecht. Márcio Medina cria um interessante espaço cenográfico valorizando as inúmeras analogias ao movimento circular sugerido pelo texto. Os figurinos de Marina Reis passam pela Renascença chegando até o futuro próximo, ora identificando épocas, ora sugerindo a atemporalidade das questões e, finalmente, a luz de Wagner Antônio contribui para criação de climas e espacialização, valorizando a ótica e a luz tão estudadas por Galileu.

Se, em A Alma Boa, a questão principal era: “Como ser bom e ao mesmo tempo sobreviver no mundo competitivo em que vivemos? ”, em Galileu, ela extrapola os limites do individual e pergunta: “Como posso ser fiel ao que penso sem sucumbir ao poder econômico e político vigente? Como contribuo para o avanço social sem me preocupar unicamente com meu conforto individual? ”

Galileu Galilei é uma profunda e divertida reflexão sobre o que somos, o que viramos, o quanto abandonamos de nós, a luta de classes, o “ser mandado” e “ser patrão”, a tirania do poder econômico, as liberdades de escolha e o preço a pagar por elas. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ficha Técnica:

Direção Artística: Cibele Forjaz
Adaptação/Dramaturgia: Christine Röhrig, Cibele Forjaz, Maristela Chelala e Denise Fraga
Cenografia: Márcio Medina
Trilha Sonora: Lincoln Antônio e Théo Werneck
Iluminador: Wagner Antonio
Figurinista: Marina Reis
Visagista: Simone Batata
Preparação Corporal e Coreografia: Lu Favoretto
Preparação Vocal: Andrea Drigo
Assistente de Direção: Ivan Andrade
Fotos: João Caldas
Programação Visual: Philippe Marks
Produção Executiva: Lili Almeida
Direção de Produção: José Maria
Realização: NIA Teatro
Duração: 140 minutos
Classificação Etária: 12 anos

Galileu Galilei
26, 27 e 28 de agosto e 2, 3 e 4 de setembro (sextas, sábados e domingos)
Horários: sextas e sábados às 21h, domingos, às 19h
Valores: R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia-entrada)
Teatro Iguatemi Campinas
Endereço: terceiro piso do Shopping Center Iguatemi Campinas (Av. Iguatemi, 777, Vila Brandina, Campinas, SP)
Telefone: (19) 3294-3166

Sair da versão mobile