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PMDB e PSDB planejavam mudar lei para dificultar investigação contra políticos, diz delator

Integrantes do PMDB e do PSDB estavam organizando mudanças na legislação para barrar ou dificultar investigação contra políticos que praticam corrupção, informou o delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Entre os pontos discutidos estavam o fim da delação premiada, fim da prisão do reú após condenação em segunda instância, legislação de leniência e até Constituinte foi discutida, conforme notícia do G1. A lei da delação premiada, por exemplo, foi criada no governo Dilma Rousseff, em agosto de 2013.

Outros partidos também atuariam. Essa foi mais uma confirmação de que políticos de vários partidos atuaram para tentar paralisar a Operação Lava Jato e que parte do plano era afastar a presidente Dilma Rousseff. O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado revelou em outro trecho de sua delação premiada que ouviu claramente sobre o plano que “estancaria a sangria” da investigação, como afirmou em março o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Segundo Machado, Jucá chegou a lhe confidenciar “sobre tratativas com o PSDB nesse sentido facilitadas pelo receio de todos os políticos com as implicações da Operação Lava Jato”. Presidido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), partido faz parte hoje da base de apoio do governo interino. “Essas tratativas não se limitavam ao PSDB, pois quase todos os políticos estavam tratando disso”, afirmou ainda o depoente.

Jucá teria sinalizado ainda, na versão de Machado, que “a solução política poderia ser ou no sentido de estancar a Operação Lava Jato, impedindo que ela avançasse sobre outros políticos, ou na forma de uma constituinte”, a fim e enfraquecer o Ministério Público.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também teria mencionado ao delator estratégias para tentar barrar a operação. No áudio em que os dois falam do “pacto de Caxias”, em março, Machado esclarece que estavam se referindo a alternativas legislativas que possibilitassem, concretamente, alguma “anistia ou clemência” aos políticos investigados.

Renan teria deixado claro, de acordo com o ex-senador, que ele seria a “esperança única” do PSDB para tomar as medidas que poderiam impedir os avanços da operação. “Quando Renan Calheiros diz (na conversa gravada) que ‘eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer alguma coisa’, ‘eles’ refere-se especificamente ao PSDB, embora o temor dos políticos da Operação Lava Jato seja generalizado”, diz Machado.

Entre as medidas para atrapalhar a investigação estariam proibir colaboração premiada de réu preso – como sugeriu Renan em um dos áudios –, proibir a execução provisória de sentença penal condenatória e modificar a legislação dos acordos de leniência.(Do 247; edição Carta Campinas)

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