Que transporte público a gente quer?

Por Marcela Moreira

Andar de ônibus em Campinas é um pesadelo: ele vem lotado, temos poucos veículos, não cumpre horário e nem itinerário, atrasa, é sujo, é caro, é ineficiente, temos flagrantes de ônibus circulando com as portas abertas devido a problemas mecânicos, temos desrespeito com passageiros, mesmo após retirar os cobradores, o prefeito Jonas Donizette (PSB) reajustou a tarifa e ocorre diariamente assédio contra as mulheres – as ditas “encoxadas”.

Todo dia nos deparamos com ônibus parados, porque quebrou ou até por falta de combustível – esse foi o motivo que aumentou 586% em relação ao ano passado!

É importante frisar que o transporte público em Campinas é caro e ineficiente: o valor total do subsídio pago pelo município para manter o sistema no ano passado foi de R$ 45 milhões. Já para este ano, será de R$ 95 milhões, um aumento de 111%. Significa que, além do preço que pagamos na catraca, que já é extorsivo, a prefeitura paga mais 8 milhões de reais mensais às empresas a título de financiar as gratuidades, num processo explicitamente questionável. Ou seja, nossa tarifa custa de fato, aproximadamente, R$ 5,00. Você, usuário, acha justo pagar este valor? Porque paga diretamente na catraca e indiretamente, via destinação de seus impostos para o bolso dos empresários de ônibus.

Além disso, quando o prefeito Jonas não impediu a demissão de 1,2 mil cobradores, deixou o transporte público mais perigoso: os motoristas cumprem dupla função, há precarização de trabalho, eleva o risco de acidentes e parte das cobranças ocorrem com o veículo em movimento. Pior, a justificativa para o último reajuste na tarifa era para aumentar a remuneração dos motoristas em 50,43%. E aí motorista, seu salário aumentou mais de 50%? Detalhe, perdemos os cobradores.

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) manteve a decisão de anular a licitação que resultou no sistema atual implantado pelo Dr. Hélio, o Intercamp. De acordo com o órgão, o edital foi marcado por diversas irregularidades que favoreceram as empresas que foram consideradas vencedoras pela prefeitura. E agora para a implantação de um novo sistema, o usuário que é o maior interessado, sequer foi consultado, nem mesmo via o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte.

A ciclovia que poderia ser uma alternativa econômica, sustentável e viável para melhorar o caos com mobilidade urbana é uma vergonha. O governo prometeu 100 quilômetros de ciclovia em seu mandato e ao fim de três anos não foram cumpridos nem 5% da promessa de campanha. O Plano Cicloviário, elaborado com grande participação de cicloativistas campineiros, no ano de 2012, deu lugar a um novo Plano, adotado de forma autoritária e restritiva, que exclui da região central a ciclomobilidade, apesar dos apelos e protestos de todos os cicloativistas.

Por fim, decisões recentes foram tomadas arbitrariamente sem consulta e, sequer, sem comunicação ao Conselho Municipal de Trânsito e Transporte: três reajustes na tarifa no transporte público; quatro aumentos nos subsídios públicos às empresas de ônibus; demissão dos cobradores nos ônibus; implantação desastrosa de cartão “descartável” para pagamento de passagem; extinção do referido cartão com prejuízo para muitos cidadãos – deu tão errado que oito meses depois o pagamento em dinheiro voltou; implantação de mais de 7.200 novas vagas de Zona Azul no município, o embate com o UBER, dentre outros.

E aí, essa é a Campinas que a gente quer? Esse é o transporte público que você quer?
Por isso, convidamos você para debater conosco neste sábado, a partir das 9h00, no Cis Guanabara

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