O problema da operação Lava Jato, que se percebe nos diálogos, é que para perseguir o PT, a Lava Jato levaria também quadros do PMDB envolvidos em corrupção. Jucá articula para dar o golpe e evitar a investigação.
A gravação não revelou ainda quais ministros foram consultados por Jucá. Mas ele revela que conversou com ministros do Supremo e que eles tinham plena clareza da participação da grande mídia no golpe. Segundo Jucá, “ministros do Supremo” teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato. O ministro do Planejamento afirmou que tem “poucos caras ali [no STF]” ao quais não tem acesso e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, a quem classificou de “um cara fechado”.
Nas gravações Jucá sugere que a corrupção poderia continuar com o golpe no governo Dilma. Ou seja, que a “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, que investiga tanto Jucá quando o seu interlocutor ao telefone, o ex-presidente da Transpetro.
A reportagem com as conversas é de Rubens Valente, estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República) e ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadear o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
No diálogo, uma dificuldade para o golpe de Michel Temer era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Só Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra”, afirma Jucá na gravação.