Com o tema Lei de Identidade de Gênero Já! Todas as Pessoas contra a Transfobia, a parada desenvolveu a ideia de dar visibilidade ao segmento T, ou seja, travestis, mulheres e homens transsexuais, com foco na luta pelos direitos civis e por menos preconceito da sociedade. Os trios saíram da Avenida Paulista no sentido Rua da Consolação. O show de encerramento está previsto para esta noite no Vale do Anhangabaú.
Daniela Marquezine, que é transsexual e participa da parada há cinco anos, contou que este é seu primeiro ano desfilando no trio das transsexuais. Para ela, o tema tem importância especial, devido ao número alto de transsexuais que morrem por preconceito.
“Queremos lutar contra isso mostrando para a sociedade que somos seres humanos e temos nossos direitos e lugar na sociedade. Não queremos nada além do nosso espaço. Queremos mudar a imagem de que a transsexual e a travesti são objetos sexuais, pois temos capacidade para muitas coisas”, disse Daniela.
Para a recepcionista Atena Joy, o Brasil é atrasado para lidar com as questões do segmento transsexual, porque é o país onde há mais assassinatos dessas pessoa. Ela destaca a necessidade urgente da aprovação de uma lei de identidade de gênero.
“A sociedade é induzida a acreditar que nós vamos contaminar os filhos deles e que somos uma ameaça. Mas as pessoas já nascem assim. Precisamos da lei para pararmos de morrer nas esquinas. Queremos ter o direito à cidadania, que é o mínimo. O Brasil precisa mudar essa mentalidade machista e misógina”, afirmou.
Angela Moisés foi uma das mães que ocuparam o trio Mães pela Diversidade, o terceiro a desfilar. Com ela, outras mães desfilaram para chamar a atenção das famílias e da sociedade para a necessidade de aceitação da comunidade LGBT. Uma de suas filhas, homossexual, chegou a ser apedrejada na rua aos 16 anos.
“Nós entendemos que temos que botar a cara no sol e sair do armário com nossos filhos e filhas. Mostrar que não são filhos de chocadeira, que têm mãe, pai, irmãos. Queremos o fim da LGBT fobia, direitos iguais para nossos filhos, o fim de uma bancada fundamentalista que tenta dizer para o Brasil que família é só homem e mulher, porque família é amor”, afirmou Angela.
A advogada Dayse Cristina Eastwood tem uma filha homossexual que é bem recebida no seu meio e tem uma carreira consolidada como executiva de uma multinacional. Mesmo assim, ela decidiu apoiar a luta LGBT em nome dos filhos de outras mães, que ainda não conseguiram essa afirmação. “Nossos filhos saem na rua e não sabemos se vão voltar. Minha filha tem a mulher dela, mas elas não andam de mãos dadas porque têm medo de agressão. A maior preocupação das mães hoje eu creio que seja essa”.
Segundo Dayse, entre as letras LGBT, o segmento transsexuais é o que tem maior dificuldade para estudar, conseguir emprego. Por isso, existe a luta, disse a advogada.
Durante a parada, grupos contrários ao governo do presidente da República interino, Michel Temer, aproveitaram para fazer manifestações. Eles distribuíram panfletos e fizeram intervenções. Em diversos momentos, entoaram coro com palavras de ordem pedindo a saída do atual governo. (Agência Brasil – Flávia Albuquerque)