A violência começou por volta das 21h40, depois de o ato ser totalmente travado ao chegar na praça da República. Policiais formaram três cordões e atravessaram caminhões do Choque na avenida Ipiranga para barrar a caminhada. Ao se depararem com o bloqueio, manifestantes iniciaram um jogral e decidiram seguir em frente, de mãos erguidas e pacificamente. “A polícia é a culpada por qualquer violência que ocorrer no nosso ato”, gritavam os organizadores, seguido dos manifestantes.
Mesmo pedindo “sem violência”, os manifestantes na linha de frente do ato foram atacados com violência, atingidos por spray de pimenta, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve feridos. Um rapaz inicialmente identificado por André, foi atingido por uma bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido pelo impacto de uma bomba, quando tentava escapar do ataque.
Ainda sob forte cheiro de gás, o militante do MPL Vítor Quintiliano declarou que a luta continuará até a revogação do aumento das tarifas de transporte, sem adiantar uma data para uma nova manifestação.
Ditadorial
O quinto ato do MPL contra o aumento do transporte público em São Paulo, foi iniciado às 19h50, saindo do terminal Parque Dom Pedro II, na região central. A caminhada, que pretendia seguir até a sede da Assembleia Legislativa, no Ibirapuera (zona sul), saiu contrariando determinação do comando da Polícia Militar, ostensivamente presente no local, que afirmou que não permitiria o cumprimento do trajeto planejado pelos organizadores.
A tensão começou já durante a concentração, depois de o terminal ser fechado, deixando sem condução milhares de pessoas que queriam ir para casa. Segundo um funcionário da SPTrans que pediu para não ser identificado, a ordem partiu da PM. Mais cedo, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), havia divulgado nota afirmando que não permitiria o travamento do terminal. No entanto, a determinação teria partido da própria SSP.
A decisão de prosseguir com o ato conforme planejado pelo MPL foi tomada após assembleia, que apreciou quatro propostas diferentes: seguir o trajeto original; seguir pela Radial Leste até o Metrô Tatuapé; ocupar o terminal Parque Dom Pedro II; ou acatar o trajeto imposto pela polícia, de levar o ato somente até a Praça da República, também no centro.
“Quem estabelece o trajeto de uma manifestação popular não é o governo, nem a PM. Essa media é antidemocrática, violenta e que incita ao vandalismo”, defenderam os organizadores.
“O trajeto será aquele divulgado pela SSP. Se vocês não seguirem nossa ordem, não vão nem conseguir sair daqui”, afirmou o comandante da operação policial, tenente-coronel Motta, reiteradas vezes. Quando os ativistas iniciaram a caminhada em direção à Assembleia Legislativa, policiais cercavam toda a região e a Tropa de Choque já estava posicionada.
Às 20h10, seguida de perto por um forte contingente policial, a passeata chegou à Secretaria dos Transportes Metropolitanos do governo Alckmin, na Rua Líbero Badaró, onde foi feito um jogral citando as denúncias de cartel e os atrasos em obras do Metrô: “Enquanto o transporte for controlado por esses bandidos, as catracas vão ser mais importantes que as pessoas”, disseram os manifestantes.
Fora de serviço
Revolta percebida antes do início da caminha foi a da população, penalizada pela decisão do poder público de fechar o terminal. “É um absurdo fazerem isso. Como pode fechar o terminal assim e não colocar as linhas no entorno?”, questionou a vendedora Adelaide Soares, de 50 anos, moradora de Guaianases. “Não está acontecendo nada demais aqui, pra que isso? Depois o povo se revolta e ninguém entende”, completou. (RBA)