Por Luís Fernando Praga
No decorrer dos séculos dormentes,
Teremos nos matado aos milhões
E dado fim a rios e nascentes
E já tentado mil religiões.
Teremos destruído as florestas
Nos feito escravos pelo mundo inteiro.
Não haverá motivos para festas
Nem para ser felizes por dinheiro.
Por fim, ao fim de um avo da jornada,
Já nada oculta a globalização.
Nossa justiça injusta é questionada
E tudo dentro é ebulição.
Palavras sonham, em trevas envoltas,
Que luzes próprias devem ser acesas;
Assim, pelejam, pelas frases soltas,
Pra libertarem as ideias presas.
Então desistiremos da vingança,
Será em nossa carne toda a dor,
Renascerá o gérmen da esperança
E vingará a árvore do amor.
No anseio de correr por nossas pernas,
Já logo não teremos mais segredos…
E nossas transparências mais internas
Irão brotando pelos vãos dos medos.
Notando a gente livre a caminhar,
Quase não pisaremos mais espinhos,
Navegaremos leves pelo ar,
Aprendendo na escola dos caminhos.
E é assim que tudo se liberta,
Ao transcender o tampo da cabeça.
Pra cada um há uma hora certa,
Até que, enfim, a todos aconteça…