Por Paulo Costa
Formado por bailarinos e músicos do Instituto de Artes da Unicamp, a composição do espetáculo teve o envolvimento de todos os integrantes. Desde a coreografia até a música, o desenvolvimento das cenas se deu por meio de trabalhos com improvisação e estudo conjunto.
O questionamento trazido pelo título do espetáculo atinge em cheio o público: o que nos impede de ter leveza em nossas almas? O que cada um de nós carrega que nos impossibilita de viver, digamos, em plenitude? As respostas a tais questões não são respondidas. E isso é proposital. Longe da pretensão de esclarecer o que nos aflige, o espetáculo flerta com possíveis respostas, o que pode ser conferido com os movimentos rígidos e ao mesmo tempo suaves das bailarinas, uma vez que a leitura das cenas não se restringe à ordem técnica, mas principalmente emocional de quem assiste.
Realizado em conjunto, o processo criativo ocorreu de forma orgânica e coletiva, com leituras e discussões sobre as referências. E uma das primeiras referências foi Inferno, de Dante Alighieri. O resultado é instigante: os jogos de ideias entre punição, pecado, moral, céu e inferno fazem parte do tom regido pela música e pelos movimentos que ora ilustram nossa dependência com os outros, ora ilustram nossa individualidade. São as contradições da vida que aparecem para fazer refletir o espectador atento.
“O que te impede de ter leveza na alma?” foi um trabalho que buscou versar sobre a individualidade e a relação de cada um com sua própria “liberdade da alma” e o que nos impede de atingir tal estado de leveza. Somado ao caráter sentimental, a crítica às opressões sociais e como o homem contemporâneo vive em um mundo cercado por relações de poder leva-nos a respirar fundo e pensar que a melhor resposta para tantos questionamentos talvez seja uma só: dançar.
O grupo pretende continuar com o espetáculo, buscando programas de fomento à dança e visando levar o trabalho acadêmico à comunidade, na tentativa de aproximar sociedade e arte.