Por Luana Mestre
Mas não é só isso. Tem que combater até nas rodas de amigos. Me pergunto quantos homens que se dizem “preocupados” com os direitos das mulheres repreendem os amigos transfóbicos que insultam as mulheres trans, por exemplo, (ou que se não repreendem, se afastem – pelo menos, dessas pessoas). Me pergunto quantos são os homens que repreendem os amigos quando eles fazem uma piada grosseira sobre uma mulher (porque nunca é “só uma piada”). Me pergunto quantos homens estão realmente preocupados em combater isso no dia-a-dia, repreendendo as etiquetas, os estereótipos e xingamentos (“a puta”, “a vaca”, “a burra”).
Além dessas, tenho outras dúvidas… Me pergunto quantos são os homens que no ambiente de trabalho respeitam a posição hierárquica da mulher e não questionam sua liderança. Me pergunto quantos são aqueles que não colocam a culpa na TPM quando a mulher está brava com eles por alguma razão. Me pergunto quantos são os homens que percebem sua posição de privilegiados e cedem todos os dias a palavra para que uma mulher fale, sem interrompê-la, sem satirizá-la. Me pergunto quantos homens percebem que estão sendo machistas e pedem desculpas imediatamente.
São muitos os questionamentos… E é realmente triste ver a posição de muitos homens. Eu combato sempre que ouço algum preconceito, de qualquer natureza. Algumas pessoas devem me odiar por isso. Já chegaram a me perguntar se eu gosto mesmo de homens quando me posicionei contra o machismo, a favor do aborto, e a favor também de que as pessoas devem ser livres para amarem quem quiserem – seja do sexo oposto ou não. Isso não vem ao caso, mas para ser franca – bem franca mesmo – está cada vez mais difícil gostar de (muitos!) homens. E isso é culpa deles. Não está dando pra engolir muitas coisas: o retrocesso, homens vereadores fazendo moção de repúdio à Simone de Beauvoir, pseudo-humoristas satirizando mulheres na televisão (por que eles continuam lá?), homens administrando páginas escrotas no Facebook, cantadas idiotas… E por aí vai. Só quem lida com isso no dia-a-dia pra entender – de fato. Então, quer ajudar de verdade? Seja um real combatente e repreenda seus amigos (até os preconceitos disfarçados de piada).
Luana Mestre é jornalista
Veja mais:
Não é engraçado, é falta de empatia