Frida Kahlo pintou apenas 143 telas em toda sua vida. Além das telas selecionadas, o visitante poderá conhecer seu pensamento plástico por meio de 13 obras sobre papel, incluindo nove desenhos, duas colagens e duas litografias. A forte presença de Frida está presente também nos retratos de Lucienne Bloch e Nickolas Muray, que integram a mostra.
Além disso, seis das obras expostas são autorretratos de Frida. Os autorretratos e retratos simbólicos são característicos entre as mulheres artistas mexicanas vinculadas ao surrealismo, que, de acordo com a curadora Teresa Arqc, marcam uma ruptura entre o âmbito do público e o estritamente privado.
“Em alguns de seus autorretratos, Frida Kahlo, Maria Izquierdo e Rosa Rolanda elegeram cuidadosamente a identificação com o passado pré-hispânico e as culturas indígenas do México, utilizando ornamentos e acessórios que remetem a mulheres poderosas, como deusas ou tehuanas, apropriando-se das identidades dessas matriarcas amazonas”, disse Teresa.
Artistas europeias vinculadas ao surrealismo e algumas atraídas por essa cultura ancestral mexicana formaram uma rede de relações e influências com Kahlo e com outras artistas mexicanas e, por isso, têm obras expostas nessa mostra, como a inglesa Leonora Carrington e a francesa Alice Rahon.
Sobre a influência dessa cultura em artistas estrangeiras, Teresa disse que “a multiplicidade cultural, rica em mitos, rituais e uma diversidade de sistemas e crenças espirituais influenciaram na transformação de suas criações. A estratégia surrealista da máscara e da fantasia, que no México forma parte dos rituais cotidianos em torno da vida, a morte no âmbito do sagrado, funcionava também como um recurso para abordar o tema da identidade e de gênero”.
A exposição vai até 10 de janeiro no Instituto Tomie Ohtake. Às terças, a visitação é gratuita e, de quarta a domingo, R$ 10. (Agência Brasil/ Camila Boehm)
Instituto Tomie Ohtake
R. Coropés, 88 – Pinheiros, São Paulo – SP, 05426-010
(11) 2245-1900