Por Regis Mesquita
Quando as pessoas chegam no supermercado para comprar frutas, elas escolhem as mais “bonitas” e de “melhor qualidade”. As frutas maiores, sem marca de insetos, sem manchas ou “deformações” são as preferidas. Ou seja, são escolhidas pela aparência.
Qual a diferença de gosto e de nutrição entre um tomate redondinho e bonitinho e um tomate todo irregular? Nenhum. Mas, o tomate bonitinho é vendido rapidamente e o outro é desprezado. Este comportamento dos consumidores é um dos grandes responsáveis pelo comportamento dos produtores que buscam nos agrotóxicos e em várias outras técnicas antiecológicas a solução para produzirem produtos mais vendáveis.
Produto agrícola de “boa qualidade” passou a ser quase sinônimo de produtos agrícolas produzidos com muita química, muito veneno e muita tecnologia (transgênicos, etc).
Preste atenção: a goiabeira de quintal, aquela que fica livre da agricultura comercial, é extremamente produtiva. Ela produz sem venenos, sem químicas e sem tecnologias antinaturais. Seus frutos, porém, são pouco vendáveis. Eles são irregulares, cheios de manchas, com marca de insetos e com risco de ter bicho dentro. São saborosos e nutritivos. Também não carregam veneno para dentro do teu corpo.
Apesar de saberem de tudo isto, as pessoas continuam privilegiando o produto que é bonito e agrada a seus preconceitos. Preferem a certeza de ter o corpo contaminado do que mudar suas preferências estéticas.
A lista abaixo foi feita para te ajudar a mudar suas preferências estéticas e superar seus preconceitos.
1) “39 deputados europeus e 14 ministros da Saúde ou do Meio Ambiente de vários países europeus foram testados (para saber quanto o corpo deles estava contaminado com produtos químicos industriais). Eram todos portadores de doses significativas de poluentes cuja toxicidade para o homem é comprovada. Treze resíduos químicos (ftalatos e compostos perfluorados) foram sistematicamente encontrados em todos os deputados. Quanto aos ministros, eles apresentavam, entre outros, 25 traços de produtos químicos idênticos: um retardador de chama, dois pesticidas e 22 PCB (bifenilos policlorados). Essa poluição do organismo não está reservada aos eleitos nem aos europeus: nos Estados Unidos, os pesquisadores do Center for Disease Control identificaram a presença de 148 produtos químicos tóxicos no sangue e na urina de americanos de todas as idades.” (1)
2) Uma pesquisa da Universidade de Washington “reforçou as descobertas originais: 23 crianças foram inicialmente testadas depois de seguir durante vários meses uma dieta convencional. A urina delas mostrava a presença de pesticidas. Em seguida, elas consumiram exclusivamente alimentos orgânicos. Em alguns dias, todo vestígio de pesticida tinha desaparecido de suas urinas. Quando voltaram à alimentação convencional, os vestígios de pesticidas rapidamente reapareceram, no mesmo nível que antes da alimentação orgânica. (1)
3) Os produtos tóxicos presentes nos produtos na hora da venda são inodoros, sem sabor e incolor. Passam despercebidos aos cinco sentidos. Porém, o ”pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luiz Claudio Meirelles, alertou para a ingestão contínua de quantidades pequenas de agrotóxicos no dia-a-dia. “75% dos alimentos têm resíduos de agrotóxicos. A cada vez que você bota uma refeição na mesa, ela está ali com uma quantidade de resíduos enormes, e os estudos têm mostrado que chegam a 17 diferentes tipos de agrotóxicos para o qual a ciência sequer tem ferramental para dizer como é que isso vai funcionar para a vida.” (2)
4) “Segundo o Instituto Nacional do Câncer, alguns herbicidas banidos do mercado internacional ainda têm livre trânsito no País. É o caso do glifosato, o mais consumido no Brasil, que foi associado ao surgimento de câncer pela Organização Mundial da Saúde”. (2) Observe: o glifosato é o herbicida mais consumido no Brasil.
5) “descobri estarrecido que somos, desde 2008, o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Uau, pensei! Então devemos mesmo ser os campeões na produção de alimentos. Em rápida consulta ao site da FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, descobri: em 2008, a produção sul-americana de grãos foi de 136 milhões de toneladas. De fato, dá para fazer muita papinha. Mas a norte-americana, no mesmo período, foi de 453 milhões de toneladas; a europeia, 478 milhões; e a asiática, 945 milhões. Não lhes parece desproporcional estar no pódio do consumo de agrotóxicos para uma fatia relativamente pequena da produção global?” (3)
Há um evidente exagero no uso de agrotóxicos no Brasil. Além do exagero, há o uso de agrotóxicos banidos em diversos países por serem altamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. O resultado é alta dose de contaminação do corpo dos cidadãos.
Contaminação por produtos químicos tóxicos afeta a saúde e o bem estar das pessoas. Capazes de provocar depressão em algumas pessoas, podem causar outras pequenas alterações de humor em um número muito maior indivíduos. Ou seja, seu corpo e seu bem estar estão sendo prejudicados por algo que não deixa cheiro, cor ou sabor na sua comida e deixa ela mais bonita e mais atrativa.
Fique muito alerta da próxima vez que você pensar: “que fruta bonita, não tem nenhuma marquinha de insetos.” É sinal que os insetos morreram ou fugiram por causa do veneno (defensivo agrícola).
Uma boa forma de ajudar a natureza e a sua saúde é acabar com seus preconceitos estéticos ao escolher frutas, verduras e legumes.
(1) A contaminação do corpo humano por produtos químicos
http://www.psicologiaracional.com.br/2012/08/a-contaminacao-do-corpo-humano-por.html
(2) Agência Câmara
http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/3-anvisa-um-terco-dos-alimentos-consumidos-no-brasil-esta-contaminado-por-agrotoxico/
(3) O veneno nosso de cada dia
https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/jornal_vida_natural/conversations/topics/189
Dica de documentário sobre o tema: O veneno está na mesa
https://youtu.be/8RVAgD44AGg
Regis Mesquita mantém o blog Psicologia Racional