A instalação das UPPs foram na verdades a instalação de ocupações de território, antes totalmente abandonado pelo Estado.
Durante quase uma décadas, ele combateu o tráfico com armas pesadas e muita munição. Nessa guerra, muitos inocentes morreram por balas perdidas ou por balas certeiras, ou mesmo por ações violentas, de pura barbárie, que são o resultado cotidiano de qualquer guerra.
Enquanto fazia isso, a desigualdade social e econômica produzia uma geração que seria absorvida pelo tráfico. Ou seja, por mais que se combata e mata, a violência e o tráfico só aumentaram.
Depois de todo esse tempo, Beltrame resolveu usar a cabeça ao invés de pedra, porrada e bomba.
A conclusão de Beltrame: é melhor descriminalizar. O comandante diz que perdeu a guerra. “O combate às drogas não está funcionando. Meu posicionamento reflete o que vi em Portugal em junho. Eles descriminaram o uso da maconha. Depois passaram para as drogas consideradas mais pesadas. Tiraram o problema da polícia e levaram para o Ministério da Saúde. Mas se estruturaram antes. Criaram clínicas de reabilitação. Não ficou uma discussão político-ideológica sobre liberar ou não, descriminar ou não. Quer liberar? Ótimo. Mas o que vamos fazer depois? Em Portugal, eles têm 90 clínicas de reabilitação, número que talvez seja insuficiente até para o Rio de Janeiro. A descriminação foi o último degrau da escada. Sou totalmente a favor de algo dessa natureza, e acho que o Brasil não escapa dessa discussão”, disse a Revista Trip.