Durante os anos 80 e 90, a TV Cultura era por onde se descobriam as coisas que aconteciam culturalmente no Brasil e que não apareciam nas TV comerciais. Até Hoje ainda guarda um pouco essa identidade, mas ultimamente vem passando por um duplo processo de destruição.
Na parte jornalística, uma aparelhamento, com uma grade de comentaristas reacionários no jornal noturno e com o aparelhamento total no Roda Viva, que já foi o principal ponto de discussão política e cultural da TV brasileira. Com Augusto Nunes no Roda Viva, o programa virou uma sucursal da Veja, a revista que abandonou o jornalismo, virou um panfleto de ultra-direita e esteve envolvida no escândalo de corrupção de Carlinhos Cachoeira. Ninguém discute mais o Roda Viva por questões e acontecimentos importantes, é previsível.
Mas é discutido no que aparece de pior. O aparelhamento chegou a tal nível que não basta mais selecionar os mais conservadores e ideologicamente afinados entrevistadores, é preciso mandar o entrevistador fazer a pergunta pré-estabelecida. E isso aconteceu na entrevista do escritor cubano Leonardo Padura para o programa Roda Viva, da TV Cultura, dia 20/07, quando se soube que a repórter da Veja, Nathalia Watkins, fez uma questão que foi ordenada pelo apresentador do programa, Augusto Nunes. Nathalia afirmou que os cubanos morriam de fome na ilha caribenha ao fazer a pergunta. Acabou tomando uma invertida na resposta do escritor.
Padura respondeu: “Uma das coisas que tento evitar sempre, quando me perguntam sobre as realidades de um país que visito, é dar minha opinião. Porque uma realidade só pode ser conhecida por quem participa dela, vive nela. Em Cuba, é certo que há pobreza, não posso negar. Mas ninguém morre de fome em Cuba. De uma forma ou de outra, as pessoas comem e têm um teto. Há mais gente na rua em um quarteirão aqui de São Paulo do que em toda Cuba”.(veja mais sobre o caso)
Na área do entretenimento, a situação é “vale a pena ver de novo”. Segundo texto de Alexandre Pavan, a emissora vive do passado e não têm qualquer perspectiva de futuro. Para ele, são dois os principais motivos que levaram a tal situação: má administração e desinteresse do governo do Estado de São Paulo pelo trabalho da Fundação, com a constante redução do repasse de verbas.
No último dia 15 de julho foram demitidos mais 53 funcionários, entre eles diretores e produtores que trabalhavam nos programas de Inezita Barroso e Antônio Abujamra, apresentadores falecidos há poucos meses. “A meu ver, a mensagem é clara. Dispensar as equipes do Viola, Minha Viola e do Provocações significa mandar pro olho da rua parte do legado deixado por Inezita e Abu”, afirmou Pavan. As demissões ocorrem desde 2010 e já foram mais de mil. (Veja mais sobre o texto)