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Um Sonho dos Justos (um poema pela mudança)

Um Sonho dos Justos (um poema pela mudança)

Passou um mundo e o mundo não mudou

E tudo é um transtorno à tua paz,

Até que, incauto, deste um passo atrás

E as duas mãos à mão que te sangrou.

 

Enquanto clamas por melhores dias,

Martelando, garboso, nas panelas,

Orando a Deus que trancafie em celas

Os teus irmãos de panelas vazias,

 

Não vês que o teu rancor infesta o ar.

Só prosperam na falta de visão

Maus políticos e reis da produção!

E aos moldes deles queres prosperar?

 

No afã de que engulam suas crenças,

Tiranos da calúnia e da injustiça

Prejulgam, tratam mal e vão à missa,

Hipócritas, cruéis com as diferenças.

 

Mas a história já ensinou de cor

Que o poder de ser livre é o mais vasto,

Que a força do opressor é um mal nefasto

E o mal da ignorância é o mal maior.

 

Antes de sermos santos, somos gentes

E antes que Monsantos ceifem nossas vidas

Nós devemos colher nossas comidas

Sem precisar envenenar sementes!

 

Transforma-te a ti, limpa teu nome!

Teu lado são, resgata, traz de volta!

Se não for só ganancia esta revolta,

Se não é só de ódio a tua fome!

 

Não fere mais, aprende as cicatrizes.

Que os bens de mais valor têm menos custo.

Entende que teu sonho só é justo

Se não envolve escravos e infelizes.

 

Foge logo das leis da produção, da proibição!

Todos podem comer daquele fruto,

Se num outro sistema menos bruto

O bem maior não for uma ilusão.

 

Torna-te livre, leve, sem receio.

Permite a cada ser seguir seu trilho.

Faz mais pelo sorriso do teu filho

Fazendo mais ao bem de um filho alheio.

 

Descansa os olhos de só ver desgraça

E poupa a alma de auras pessimistas.

A natureza insiste em que a assistas,

Que a vida é mais que tudo e é de graça!

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