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Pastores querem preservar machos e fêmeas. Na cabeça deles todos virarão gays?

 

Por Regis Mesquita

Quando os micos leões dourados estavam em extinção foi realizada uma ampla campanha para salvá-los. O resultado foi ótimo. Alguns anos depois, eles se multiplicaram em reservas ecológicas, como a reserva biológica do Poço das Antas (RJ).

Segundo o pastor Silas Malafaia está na hora de lutar pela preservação de outra espécie: o ser humano. Qual o risco? Virarem gays e não se reproduzirem.

Recente campanha publicitária de uma marca de cosméticos mostrou um casal de homossexuais apaixonados comprando presentes de dia dos namorados. Esta propaganda detonou os instintos preservacionistas do pastor, que vê o mundo mudar e não se conforma com isto.

Mostrar o amor entre dois homens ou entre duas mulheres é capaz de transformar tantas vidas, levando-as ao homossexualismo?

Em 2013, houve 1.052.477 casamentos realizados em cartórios de todo o Brasil. Apenas 3.701 foram casamentos homoafetivos – um total de 0,35%. Um número bem pequeno, incapaz de mudar o ritmo de crescimento populacional.

O medo do pastor é que mais e mais pessoas se revelem homossexuais. Ele acusa as propagandas de “querer ensinar a crianças e jovens a homossexualidade”.  Quantos adolescentes homens estariam dispostos a fazer sexo anal por causa da influência da televisão? Na mente do pastor seriam muitos. Em números tão grandes que seria necessário lutar pela preservação de machos e fêmeas.

O que faz um pastor imaginar que o ponto central da sexualidade é tão facilmente influenciável? É lógico que a mídia tem grande influência sobre o comportamento humano. Que roupa vestir, qual as ideias que vão divulgar, marcas que irão consumir, etc. Todavia, é pouco crível que muitos adolescentes, sem interesse homossexual latente, resolvam se transformar em homossexuais só por causa do estímulo da mídia.

O que gera pânico nestas pessoas é o amor. Mais do que a sexualidade, o que mexe com estas pessoas é a capacidade de amar, de trabalhar, de cuidar e progredir que os não religiosos possuem (sejam eles homossexuais, ateus, agnósticos, etc.). Pois, se eles podem amar, trabalhar, cuidar um do outro, ter carinho, amizade, honestidade, compaixão, eles são bons exemplos para a sociedade. Desta forma, os religiosos perdem o monopólio dos bons exemplos.

O amor é revolucionário. É ele que destrói os preconceitos. Porque ele torna explícito o que antes ficava escondido. O que estes pastores querem é que os bons exemplos dos homossexuais que se amam voltem para a escuridão, não sejam conhecidos.

É interessante notar que estes pastores cheios de ódio (alguns dizem que cheios de desejos sexuais também) jamais se revoltaram contra os estereótipos das tvs que sempre mostraram os homossexuais como “bichinhas sem limites e promíscuas”. O estereótipo negativo é ótimo para este tipo de pastor dizer: eu estou certo e os homossexuais errados. Mas, quando os bons exemplos dos homossexuais aparecem, surge a dúvida nas pessoas: “será que eles são ruins mesmo?” Ou podem surgir certezas: “eles são seres humanos que amam e trabalham como eu”.

Tornar público a capacidade de amar e se respeitar dos namorados homossexuais assusta os que vivem da raiva e do preconceito negativo. É um mundo diferente e verdadeiro, no qual a pessoa que ama pode ser feliz, mesmo com escolhas diferentes da maioria. A maioria, a família tradicional, continuará existindo e povoando o planeta de crianças que deverão aprender desde cedo que o amor é o centro de uma vida em paz e de uma sociedade justa.

 

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