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A ocupação Vila Soma, em Sumaré, tenta resistir de forma autossustentável

Por Renan Brandão

Em meio a tensão entre a possível reintegração de posse ordenada pelo Poder Judiciário, ocupação Vila Soma, em Sumaré, e todas as mais de 3 mil famílias presentes no terreno, resistem de forma organizada.

A ocupação consegue se manter como uma comunidade praticamente autossustentável.  Os próprios moradores mantêm  o funcionando a engrenagem local com diversos comércios, creches, guarita e uma coordenação que administra a Associação de Moradores e monitora todas as notícias e informações que são saem a respeito da ocupação.

Fora toda a situação jurídica e política em que a ocupação se encontra no momento, a comunidade, mesmo sem o apoio do poder público ou de qualquer órgão do Estado, começa a oferecer cultura, educação e, na medida do possível, segurança aos moradores.

Para melhor integrar a ocupação, é oferecido dentro do próprio espaço uma creche que cuida das crianças e as ensinam enquanto os pais destes podem ir trabalhar. Além dos cuidados que ocorrem com as crianças, semanalmente também há exibições de filmes em um retroprojetor na parede branca do pátio comunitário.

Como é de se esperar em qualquer ocupação que enfrenta a resistência de setores econômicos e políticos da sociedade, existe muito medo por parte dos moradores, que é percebido quando algum estranho tenta adentrar o local.

Em conversa com a representante da Associação de Moradores, Tamires  Souza Caires, ela nos conta que infelizmente era muito comum a entrada de policiais infiltrados antes da adoção de uma guarita no local. Estes policiais infiltrados costumavam realizar atos criminosos ou simplesmente realizar humilhações com a certeza da impunidade devido à ocupação estar afastada dos cuidados do Estado.

O morador Rogério Botelho, microeemprendedor da área de cosméticos, e que reside há 3 anos na Vila Soma, conta que na portaria eles permitem a entrada de policiais para que estes façam seu trabalho normalmente, porém ocorrem casos de agentes à paisana que invadem as casas, retiram a força os moradores do local, contando inclusive que já aconteceu um caso onde uma moradora se banhava. Na abordagem, os policiais retiraram ela, ainda nua, de dentro de casa para revistar o local.

Devido a este clima frequente de tensão que permeia o ambiente, existe uma organização muito forte dos moradores, contando com táticas de resistência. Isso, segundo os moradores, é uma forma de se precaver caso ocorra uma invasão e se suceda o “elemento surpresa” do qual a Polícia Militar se utilizou durante a desocupação de Pinheirinhos, em São José dos Campos.

Enquanto a ocupação segue na esperança de legalizar sua situação em relação à Prefeitura de Sumaré e de talvez conseguir uma qualidade de vida melhor devido a canalização de água, rede de esgoto, rede elétrica e o recolhimento de lixo que não existe no local, a ocupação segue organizando-se afastada do poder público.

A reportagem tentou entrar em contato por duas vezes com o gabinete da prefeita de Sumaŕe, Cristina Carrara (PSDB), para obter uma posição a respeito da ocupação, mas não recebeu resposta.

Veja abaixo vídeo produzido pela TV Carta Capital

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