Por Cida Sepúlveda
Conforme eu ia lendo as redações da garota, ia me surpreendendo: que capacidade de síntese, que inteligência!
Oitavo ano, escola pública. Boa escola, mas com importantes carências estruturais. Nenhum tipo de atendimento especial a alunos com altas habilidades.
Não sei se a menina se encaixa formalmente no grupo de altas habilidades, mas sei que ela é portadora de uma inteligência rara.
Aliás, não é só ela. Há sempre alunos que se destacam intelectualmente. Mas, isso não tem muito valor no Brasil, principalmente, nas escolas públicas que estão submetidas a uma política de inclusão que, na verdade, nivela as pessoas num padrão educacional vergonhoso.
Todo mundo é igual na carência, na posição de recebedor de esmola do estado: ganha uniforme, comida, livros, cadernos. Mas, não recebe o que mais lhe falta: cultura!
A exclusão cultural é a maior responsável pela educação de péssima qualidade que reproduzimos sem pesares.
Vivemos no país do salve-se quem puder. Se posso garantir uma boa escola para meu filho, o resto que se esfole. Sinto pena, mas não movo uma palha para lutar por um Brasil mais educado, no sentido amplo de educação, obviamente.
Na contracorrente desta situação calamitosa, achamos joias raras que despontam nas salas de aula e, motivadas por quem as vê, as admira e dialoga com elas, essas pérolas acabam por nos surpreender com seus desejos, iniciativas e criatividade para realizarem algo que, talvez, nem saibam direito o quê.
Inspirando-se em blogs literários, Verônica decidiu criar o seu e me enviou o link pelo Facebook. Que surpresa! A menina apresenta os livros que já leu, sinopses bem elaboradas e fotos das capas, tudo muito delicado e limpo. Em geral, são livros da onda, para jovens e adolescentes.
Impressionada, decidi escrever sobre o feito de Verônica, a menina que ama livros e que agora os transforma em motes para se comunicar com o mundo.
Parabéns, menina. Não desista de você, de seus sonhos!!!
E você, leitor, conheça o blog da Verônica, divulgue-o. Seja coautor desse voo jovem, nascido na periferia de nossas entranhas.