Clássico entre os intelectuais da latino-americana, o livro analisa a América Latina desde sua origem. Na obra, Eduardo Galeano explica como a riqueza e a fartura de toda uma região tornaram-se sua ruína.
“Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia. Nossa riqueza gerou sempre nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos. […] o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominados para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga”, diz o escritor.
Após o golpe no Uruguai, em 1973, Galeano foi preso. Ao sair da cadeia, exilou-se na Argentina, onde dirigiu a revista Crisis, de viés político e cultural. Em 1976, mudou-se para a Espanha, com medo da repressão do regime militar do general argentino Jorge Videla.
Na Europa, começou a escrever a trilogia Memória do Fogo, com os livros Os Nascimentos, as Caras e as Máscaras e O Século do Vento. Com o fim da ditadura uruguaia, em 1985, ele retornou a Montevidéu.
Poucos são aqueles que, décadas depois de entregar ao mundo uma grande criação, lembram dela e simplesmente dizem que “foi uma etapa que está superada”. Eduardo Galeano é um desses. E nem isso faz com que sua obra-prima, As veias abertas da América Latina, seja menos reverenciada.
O escritor lançou mais de 40 obras. Além das já citadas, algumas de suas principais publicações são De Pernas pro Ar, Dias e Noites de Amor e de Guerra, Futebol ao Sol e à Sombra, O Livro dos Abraços, As Palavras Andantes e Vagamundo.
Em 1975 e 1978, Eduardo Galeano recebeu o prêmio Casa de Las Américas. A trilogia Memória do Fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai em 1982, 1984 e 1986, anos de lançamento de cada um dos três livros. Nos Estados Unidos, o escritor e jornalista foi homenageado com o American Book Award, em 1989, e com o Prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation, em 1999. Em 2001, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade de Havana, em Cuba.
Galeano esteve no Brasil em 2014, quando abriu a 2ª Bienal do Livro de Brasília. Na ocasião, ele surpreendeu todos ao informar que não leria novamente “As Veias Abertas…”. “Para mim, a prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico [atual] não aguentaria. Eu cairia desmaiado”, brincou.
Eduardo Galeano morreu nesta segunda-feira (13), em Montevidéu, aos 74 anos. Ele estava internado em um hospital na capital uruguaia e morreu devido a complicações de um câncer de pulmão, que já havia sido tratado em 2007. (Agência Brasil)