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Cotas raciais e qualidade da educação

Por Renan Brandão

Entendemos que vivemos em uma sociedade de igualdade, uma nação onde todos possuem as mesmas oportunidades, sejam negros, brancos, pardos, asiáticos ou de qualquer etnia, sejam eles ricos, pobres, classe média… Nossa educação pública é acessível para todos, e com qualidade excepcional, todos os pais possuem condições para trabalhar e sustentar a família com facilidade, dar atenção, apoio e carinho aos filhos (afinal isto é primordial para a educação das crianças).

Todos nós estamos no mesmo patamar, e nossas contas bancarias e posses são a promessa de nossos méritos, onde quanto mais trabalhássemos mais mereceríamos! Que perfeita esta sociedade, temos orgulho de nosso país igualitário! Temos? Pois, creio eu que esta realidade o qual estive citando em todo o meu discurso não parece a que de fato encontramos nas ruas, nas praças, nas vielas de nossa sociedade…

Vivemos em um país conhecido por ser um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão, o último pais a abolir na América do Sul, estamos falando de uma abolição que ocorreu a 1888, pouco mais de cem anos, ou seja, há muitos casos de famílias que quatro gerações atrás (ou seja bisavós) viveram de perto a escravidão.

O Principal motivo da abolição, apesar de parecer motivado por uma questão de igualdade universal e de direitos humanos se mostrou na realidade de cunho econômico, era necessário adaptar-se a estes novos tempos e ideologias cada vez mais neoliberais, e para isso era interessante abolição, para que estes antigos escravos agora fossem cidadãos econômicos, no entanto quase todos eles não possuíam nenhuma formação específica e foram deixados a margem da sociedade geralmente com empregos mais informais e mal-remunerados.

Após isso, somamos as grandes levas de imigrantes, sejam estes italianos, japoneses, alemães e etc, o que acabou por aumentar ainda mais a desigualdade social, a falta de qualidade de vida e empregatícia a diversos cidadãos.

Os anos seguintes nesta linha do tempo só vieram a esquentar ainda mais esta panela de pressão, aumentando a desigualdade social (e muitas vezes também a violência) chegando a atualmente em  índices onde 10% da população possui 51% da renda, e os 60% mais pobres possuem apenas 18% da renda (Dados do Levantamento realizado pelo IBGE em 29 de Novembro de 2013).

Diante de todo este panorama de desigualdade social onde as oportunidades não são igualitárias, as cotas se fazem necessárias, até mesmo por conta de nosso sistema educacional público, ser extremamente ineficiente na maioria das vezes, estes jovens saem do ensino médio muitas vezes sem tempo útil para estudo ou sem qualquer condição de competir por vagas em uma faculdade com aqueles que tem em seu currículo uma educação privada e tempo útil para poder se dedicar aos estudos.

Claro que não podemos fechar os olhos após o sistema de cotas e acreditar que isto vai resolver todos os nossos problemas, ressalto que as cotas só existem por conta da péssima qualidade da educação de base, as cotas tapam o buraco desta casa que necessita de reformas, somente com esta reforma na educação de base poderemos avançar para um país menos desigual e igualitário, e aí então poderemos falar devidamente sobre méritos, assim como no início deste artigo.

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