Uma doença cardíaca preexistente pode ser agravada e, se o usuário tem uma doença incipiente, ainda não manifestada, ela pode ser potencializada por causa do uso dessas substâncias, disse Mourilhe.
O cardiologista alertou que, se o consumidor tem pressão arterial já elevada e toma estimulante misturado com álcool, a pressão sobe mais ainda, e isso pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC).
Pessoas de qualquer idade estão sujeitas a esses perigos, mas, nos jovens, o risco da combinação álcool e energético é maior, explicou o cardiologista. “O jovem, em geral, faz uso dessas substâncias em quantidade muito maior. Se ele tem, por exemplo, a doença não diagnosticada, não conhecida, o risco acaba sendo maior por esse motivo. Normalmente, a pessoa mais velha tende a se cuidar mais e se policia.” O jovem, ao contrário, mesmo que tenha algum problema, costuma relaxar mais e ignorar os perigos, acrescentou.
Morilhe recomenda que, se a pessoa resolver beber, é importante que se mantenha hidratada, porque isso ajuda a minimizar o problema. A combinação álcool e energético, segundo ele, leva a uma rápida desidratação, o que agrava ainda mais os riscos, e isso dá mais arritmia, mais hipertensão arterial, completou.
É preciso também que os foliões não esqueçam de se alimentar no período do carnaval. Nunca se devem beber em jejum, destacou Mourilhe. “Como a mistura de energéticos com álcool leva à desidratação, junta-se desidratação com jejum, e o quadro se agrava mais”. Por isso, é importante se alimentar quando se consome essa a mistura, e beber muita água.
De acordo com o médico, o ideal, porém, é reduzir ao máximo a combinação de bebidas alcoólicas e energéticos, ou não consumir. Se consumir, que o faça com “extrema moderação”, disse Mourilhe. Ele disse que, hoje em dia, os jovens costumam misturar energéticos com vodca, que é uma bebida mais barata. Isso é um agravante, disse, porque o destilado tem um percentual de álcool muito mais alto que a cerveja, por exemplo. “Então, tendo mais álcool, maior o risco”, ressalta.
De acordo com a presidenta da Socerj, Olga Ferreira de Souza, os energéticos permitem que a pessoa beba em maior quantidade. Com isso fica mais sujeita a embriaguez e a riscos de quedas, de acidentes, de dependência e até de morte, com redução de reflexos.
Pesquisa feita em 2002 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que a cafeína presente nos energéticos, quando combinada com álcool, tem impacto negativo no cérebro, podendo levar ao envelhecimento precoce e a doenças como o Mal de Parkinson e Alzheimer. (Agência Brasil)