A maior parte das mortes ocorreram, segundo o instituto, em atividades rurais (24% do total), seguido por ocorrências dentro de casa (16%), próximo a um veículo (12%), embaixo de uma árvore ou jogando futebol (9%), sob coberturas como toldos ou deques (6%) e na praia (5%).
Na tarde de ontem (29), oito banhistas foram atingidos por um raio na cidade de Praia Grande, no litoral de São Paulo e quatro deles morreram. Os demais ficaram feridos. Eles estavam na praia quando o temporal teve início e a maior parte tentou se abrigar embaixo de um guarda-sol, que atraiu o raio e provocou as mortes.
Em entrevista hoje (30) , o capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, disse que na Operação Verão, que teve início em dezembro do ano passado e terminou em março deste ano, 18 pessoas morreram por causa de raios somente no litoral de São Paulo, número que ele considerou alto.
Relâmpagos, na definição utilizada pelo Inpe, são correntes elétricas muito intensas que ocorrem na atmosfera, consequência do rápido movimento de elétrons de um lugar para o outro. Os elétrons movem-se tão rápido que fazem o ar ao seu redor iluminar-se, resultando em um clarão, e aquecer-se, resultando em um som, que é chamado de trovão. Quando o relâmpago se conecta ao solo é chamado de raio. Segundo o governo paulista, a descarga elétrica de um raio corresponde a cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico.
Segundo o capitão Palumbo, para se proteger de raios, as pessoas devem saber inicialmente que uma tempestade de raios pode acontecer, inclusive, sem chuva. “Não há uma regra para isso. A regra que o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de São Paulo estabelecem é que quando se vê que fechou o tempo e o céu ficou escuro, com aquelas nuvens negras, a tempestade já está formada. E se você estiver em praia, campo de futebol, estacionamento de shopping ou lugares abertos, o risco de você poder ser atingido por raio aumenta”, disse.
Nestes casos, ressaltou o capitão, é preciso evitar estar em lugares abertos. “Aconteceu a formação dessas nuvens e fechou o tempo, saia da praia, saia da água, saia da piscina. Você precisa se proteger dentro de uma casa, de uma edificação, de um prédio ou de um carro”, disse.
No entanto, ressaltou o capitão, as pessoas não devem se abrigar embaixo de árvores ou de guarda-sóis, por exemplo. “Evitem se abrigar em locais em que você acha que tem proteção, mas não tem. Se a tempestade de raios está próxima a você, você não deve se proteger embaixo de pontos de ônibus, árvores e postes. Um raio vai buscar sempre, da nuvem para o solo, os pontos mais altos, onde há a menor distância entre a nuvem e o solo, que podem ser um prédio, uma árvore, um poste ou uma casa ou, em um lugar descampado, a própria pessoa. Então, não se pode nunca estar em um local onde você vai ser o ponto mais alto”, destacou Palumbo.
Em caso de tentar se abrigar dentro de um carro, ressaltou ele, é preciso fechar os vidros e evitar contato com a parte metálica. Já dentro de casa é importante não atender telefones com fio, desligar os aparelhos eletrônicos e ficar longe de canos de água. “Houve um caso, na Avenida Paulista, onde um prédio foi atingido e a descarga veio pela linha de telefone, provocando a morte de uma pessoa que estava ao telefone”, disse.
Se for impossível buscar abrigo, o ideal é que a pessoa se agache com os pés juntos, curvado para frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles até a tempestade passar. “Você não pode ser o ponto mais alto naquele local onde o raio está caindo”, ressaltou o capitão do Corpo de Bombeiros.
De acordo com Palumbo, as praias do litoral paulista tem atualmente 1,2 mil guarda-vidas com treinamento para situações que envolvam raios. “Se o bombeiro apitar ou pedir para que saiam da praia, [é preciso] que as pessoas acreditem nisso. Se tiver orientação para que você se abrigue, saia da praia”. (Agência Brasil)