Os poemas de Nymphé e outros poemas (Medita, 2014) são fortes e belos. Não demandam conhecimento literário prévio para serem sentidos. Pluralidade de imagens e fluidez textual são elementos que fundam a poética de Maura Voltarelli.
Vida, morte e tempo se combinam em jogo trágico e sensual, de imagens e sonoridades que evocam emoções remotas e atuais, com o intuito de espelhar o prazer e a dor existencial.
São poemas de rara plasticidade. Ao lê-los, vejo cenas, quadros. Penso que estão mais ligados à pintura do que à música. Silenciosos e profundos, evocam imagens de diferentes relevos e dimensões, criando retratos poéticos originais.
Como professora de Língua Portuguesa, sempre que leio um texto, me pergunto: meus alunos compreenderão minimante a composição? No caso de Nymphé, afirmo: que leitor sentirá dificuldade para ler estes versos?
A linguagem da poeta é muito acessível, sem parafernálias formais. É fácil lê-los; é forte senti-los, acompanhar-lhes as sinuosidades, as sutilezas e, principalmente, as mudanças de direção no encandeamento das imagens, que dão aos poemas uma densidade inesperada.
Que leitor não se enlevará com o drama e a ternura revelados em sua poesia? Nymphé me aguça a curiosidade: como uma menina (a autora tem apenas 25 anos) escreve com tanta profundidade e beleza?
Cada poema tem marca própria e refinamento. Não há arestas nesta pequena joia da poesia brasileira contemporânea. É uma poesia alimentada por diferentes estilos e vertentes; e depurada pela sensibilidade artística da autora, que se evidencia a cada composição.
Já disse Manoel de Barros: a poesia é o mel das palavras. Acrescento: raro o poeta que produz mel com suas palavras e o oferece ao leitor. Maura o fez neste livro.
Impossível (e desnecessário) dissecar as vidas dos poemas para se responder às indagações sobre o mistério da criação – este se interpõe entre o que podemos explicar e o que se revela por essência.
O mais é delírio para quem se arrisca às verdades que a poesia inventa.
Cida Sepulveda