O artista plástico João Bosco, que esse mês ilustra o site Carta Campinas no Projeto “Carta Campinas Visuais” com a obra O Poeta 1, feita em tinta acrílica sobre tela, começou sua relação com a arte quando ainda era criança em Redenção da Serra, cidade do interior de São Paulo, localizada na região de Paraitinga.
Na escola, o que mais lhe atraía eram os traços e linhas. No ambiente familiar, os irmãos engajados no teatro e coral, o pai, um artista dos sabores da culinária, e a sua mãe, amiga da mãe de um artista plástico que se chamava Justino, levaram João Bosco para um mundo do qual ele já se sentia íntimo.
Foram nesses começos que o artista desenvolveu a sua “arqueologia pessoal”, formada por personagens, objetos, lugares e situações de um lugar de infância posteriormente inundado pela represa que foi construída na região.
O caráter fundamental de “resgate permanente” do trabalho artístico de João Bosco nasce justamente dessa vontade de trazer novamente à tona aquilo que está ou foi encoberto, fazendo com que as coisas voltem e se reinventem.
Em Campinas, onde acontece boa parte de sua vida artística atualmente, João Bosco realizou um trabalho de ateliê no Serviço de Saúde Cândido Ferreira, em Sousas, que levou muitos frequentadores a posições de destaque em diversas premiações artísticas.
Desde 2008, ele desenvolve oficinas culturais, preservando a forma dialógica de sua arte. Ao atuar como ilustrador, João Bosco também fez com que seu trabalho de desenhista ganhasse novo fôlego. Seja qual for a vertente, no entanto, permanece em sua arte essa marca de arqueologia, de resgate, e, ao mesmo tempo, de renovação e aprimoramento, o que pode ser visto na exploração e desenvolvimento de conhecimentos pelo artista na área da monotipia, por exemplo.
O artista também atua como ilustrador no jornal Folha de S.Paulo na coluna “Tendência/Debate” e possui no currículo inúmeras exposições (individuais e coletivas) e premiações.
Vejam algumas de suas obras nas quais salta uma espécie de atmosfera onírica, próxima aos quadros de Marc Chagall, onde se destacam as cores, as formas, os curiosos personagens e também a diversidade técnica, bem como a estética que se faz ao mesmo tempo outra e complementar.
(Maura Voltarelli)