O governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Campinas nesta quinta-feira, 20 de março, na Sala Azul da Prefeitura de Campinas, para anunciar a integração entre o Sistema Cantareira e a Bacia do Rio Paraíba do Sul de forma a garantir a segurança hídrica na região, num futuro próximo.
Mas hoje também a Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro informou, por meio de nota, que a transposição de águas do Rio Paraíba do Sul em São Paulo poderia comprometer a segurança hídrica fluminense. De acordo com a nota, o Rio é “fortemente dependente da Bacia do Rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de mais de 11 milhões de habitantes e pela sustentação de parcela expressiva da atividade econômica do Estado”.
A nota foi divulgada em resposta à intenção do governo de São Paulo de interligar a Bacia do Rio Paraíba do Sul, que nasce em São Paulo, com o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo e região de Campinas e que, pela escassez de chuvas, registra os piores níveis dos últimos 40 anos.
Para fazer a interligação, no entanto, é preciso aprovação da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já que o Paraíba do Sul corta três estados (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais).
Estudos preliminares da Secretaria de Ambiente do Rio apontam que a disponibilidade de água na Bacia do Paraíba do Sul já apresenta problemas no período de estiagem. “Em Santa Cecília (ponto de captação da água para o Rio Guandu e região metropolitana do Rio), a regra em vigor determina vazão mínima de 250 metros cúbicos por segundo (m3/s) que, pela falta de água, já não é atendida em 8% do tempo (período de estiagem)”, informa a nota.
A interligação seria uma solução emergencial necessária para garantir o fornecimento de água na chamada Macrometrópole Paulista, formada pelas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Vale do Paraíba e região de Sorocaba, o que corresponde a 31 milhões de habitantes. A interligação seria uma forma de minimizar os efeitos da falta de investimento nas últimas décadas, apesar do alerta de especialistas.
Para fazer a obra, seria necessário um conjunto de tubulações de 15 quilômetros de extensão para ligar a represa Atibainha, que fica em Nazaré Paulista e faz parte do sistema Cantareira, e a represa Jaguari, em Igaratá, na bacia do Rio Paraíba do Sul.
O objetivo é que quando um dos sistemas necessite de mais água possa receber do outro. Do mesmo modo, se estiver com excesso de água, poderá passar para o outro a fim de que seja reservado e utilizado em momentos críticos.
De acordo com o governador Geraldo Alckmin, o projeto Macrometrópole Paulista foi finalizado no ano passado para que fosse utilizado em 2020. Porém, diante da crise hídrica, a proposta é adiantar o início para este ano. O projeto foi apresentado à presidente Dilma Roussef e, segundo Alckmin, foi uma discussão em alto nível. “Esta medida é tecnicamente correta e evita grandes enchentes e secas. É um benefício a todos”, frisou Alckmin.
A iniciativa terá investimento estimado em R$ 500 milhões e será executada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). (Carta Campinas, Agência Brasil e informações de divulgação)