A Câmara de Campinas aprovou, anteontem (9), o projeto de lei do vereador Pedro Tourinho (PT) que institui o Dia Municipal de Luta contra a Medicalização da Educação e da Sociedade no dia 11 de novembro. O projeto, que segue agora para sanção do prefeito Jonas Donizette (PSB), institui uma data para debater principalmente o uso do medicamento ritalina em crianças com TDAH (Déficit de Atenção com Hiperatividade).
Para a médica pediatra da Faculdade de Ciências Medicas (FCM) da Unicamp, Maria Aparecida Affonso Moysés, o uso dessa medicação em crianças é uma espécie de “genocídio do futuro”. Em recente entrevista ao site da própria Unicamp, a médica afirmou que não indica o uso desse medicamento porque os custos podem ser maiores que os benefícios. “As reações adversas estão em todo o organismo e, no sistema nervoso central então, são inúmeras. Isso é mencionado em qualquer livro de Farmacologia. A lista de sintomas é enorme. Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência. Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA). São relatos espontâneos feitos por médicos. Não é algo desprezível. Além disso, aparecem outros sintomas como cefaleia, tontura e efeito zombie like, em que a pessoa fica quimicamente contida em si mesma”, afirmou.
Além disso, continua a médica, o sistema cardiovascular pode sofrer com hipertensão, taquicardia, arritmia e até parada cardíaca. No sistema gastrointestinal ocorre a boca seca, falta de apetite, dor no estômago. “A droga interfere em todo o sistema endócrino, que interfere na hipófise. Altera a secreção de hormônios sexuais e diminui a secreção do hormônio de crescimento. Logo, as crianças ficam mais baixas e também essa droga age no peso. Verificando tudo isso, a relação de custo-benefício não vale a pena. Não indico metilfenidato para as crianças. Se não indico para um neto, uma criança da família, não indico para uma outra criança”, ressaltou.
A pediatra também afirmou, a partir de pesquisas realizadas nos Estados Unidos e Canadá, que a orientação dos país e familiares pode ser uma boa alternativa. Os estudos mostraram que a “orientação familiar tem alta evidência de bons resultados, e o medicamento tem baixa evidência”, declarou. (Da Rede CartaCampinas)