.Por Roberto Ravagnani.

Quem trabalha no terceiro setor principalmente, adora pesquisas sérias, quem trabalha com o voluntariado ama pesquisas, até porque são poucas e as que são feitas emos que comemorar pois vem evidenciar o tema por um bom tempo, mas temos que tomas cuidado com a informação e como ela é tratada pelos meios de comunicação, oficiais ou não.

(imagem thirdman – pxl)

Trecho retirado do site da CNN Brasil, “Os dados são de um levantamento realizado pelo Datafolha, em parceria com o Instituto para o Desenvolvimento Social (Idis). O estudo mostra que o número de voluntários ativos no país saltou de 11%, em 2011, para 34%, uma alta de mais de 200%.”

Temos que comemorar, o assunto está mais ativo na sociedade, as pessoas percebem a importância do trabalho voluntário e a solidariedade está em alta. Perfeito.

Mas tudo isso se ficamos na leitura rasa da notícia fico, quase chego à conclusão de que não precisamos nos esforçar tanto para termos mais voluntários, mas quando vamos analisar a pesquisa, percebemos que este não é o verdadeiro cenário.

Cabe salientar que todos os cenários são positivos para o voluntariado e não estou aqui para desmerecer ou invalidar a pesquisa, só realmente para pontuar itens importantes de serem trazidos à tona.

Em 2011 o cenário mostrava que 05% da população fazia trabalho voluntário de forma rotineira e constante. Em 2021 este número sobe para 12%.

Em 2011 o número de pessoas que faziam trabalho voluntário de forma pontual, sem uma constância, era de 6% e em 2021 de 22% (isto muito elevado pela pandemia).

O que os veículos de comunicação de forma geral fizeram, somaram os dois números e traduziram como se esse fosse o número de voluntários no país, o que não é verdade absoluta, principalmente para quem trabalha com o voluntariado organizado.

Mais uma vez deixo claro que pesquisas são fundamentais para o desenvolvimento do setor, mas a análise dela e como ela é difundida pode atrapalhar ao invés de ajudar. Houve um crescimento expressivo na adesão ao trabalho voluntário, mas não se pode colocar tudo na mesma cesta, o que é voluntariado recorrente e o que é pontual.

Um outro dado que me chamou a atenção na pesquisa é a diminuição de jovens nos trabalhos voluntários e o aumento da idade média para 43 anos. Precisamos tornar o trabalho voluntário atrativo para o jovem, pois caso contrário vamos continuar com a nossa velha política de ter que ensinar adultos a serem voluntários, por um afastamento do jovem destas oportunidades. O que importa é falar de voluntariado e a pesquisa trouxe mais uma vez esta possibilidade de reflexão sobre a importância dele.