Em São Paulo – Entre os dias 2 e 12 de junho, a oitava edição da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo retoma sua programação presencial (em 2021, todas as atividades aconteceram de forma on-line) com três montagens internacionais, sete espetáculos nacionais, três estreias nacionais e uma internacional e uma ampla grade de oficinas, debates e conversas ao longo dos dez dias de atividades. A abertura será no teatro do Sesc Pinheiros com o espetáculo Estádio (Stadium), com texto de Mohamed El Khatib e concepção de Mohamed El Khatib e Fred Hocké.

STADIUM_©Yohanne Lamoulère, Tendance floue

Esta edição marca a retomada da MITsp no formato presencial, ainda que reduzida. “Uma vontade de estar vivos, pulsando, atuantes”, diz Antonio Araujo, diretor artístico e parceiro de Guilherme Marques, diretor geral de produção, ambos idealizadores da Mostra. “Estamos felizes com a retomada da MITsp, com trabalhos presenciais, embora esta seja uma edição mais concisa, nos limites do que foi possível trazer em um tempo pós-pandemia. Mas são espetáculos que seguem a ideia primeira da Mostra de trabalhos com radicalidade no ‘pensar a cena’”, diz Antonio Araujo. Em 2022, o evento mantém as programações de seus quatro principais eixos: Mostra de Espetáculos, Ações Pedagógicas, Olhares Críticos e MITbr – Plataforma Brasil.

A oitava edição da MITsp tem apresentação do Ministério do Turismo, Itaú, Sabesp e Secretaria Municipal de Cultura, realização da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP, Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Secretaria Especial da Cultura – Ministério do Turismo e correalização do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, Goethe-Institut São Paulo, Consulado Geral da França em São Paulo e Instituto Italiano de Cultura de São Paulo.

Mostra de Espetáculos

Entre os espetáculos internacionais, Estádio (Stadium), com concepção dos franceses Mohamed El Khatib (ele esteve na MITsp em 2019 com o solo Partir com Beleza) e Fred Hocké aproxima em cena a emoção de um estádio de futebol e a do teatro; a montagem põe o espectador de teatro frente a frente com o dos estádios, colocando em questão o que é uma audiência e o que diferencia, além da roupa, os dois públicos. 

O Martelo e a Foice (Le Marteau et La Faucille), adaptação do conto homônimo do americano Don DeLillo e dirigido por um dos expoentes da cena contemporânea de seu país, o também francês Julien Gosselin, escancara os excessos do capitalismo com um personagem aprisionado no que parece ser um local para crimes de colarinho branco, repleto de banqueiros e negociantes de arte que se apropriaram indevidamente de fortunas.

Vale da Estranheza (Uncanny Valley), trabalho do Suíço radicado na Alemanha, Stefan Kaegi, do grupo Rimini Protokoll (grupo que esteve à frente da encenação 100% São Paulo, na MITsp, em 2016), empresta o título da expressão criada pelo cientista japonês Masahiro Mori para designar – no campo da engenharia robótica – a aversão que as pessoas sentem diante de robôs muito parecidos com pessoas reais e discute o estranhamento e a facilidade que temos com a tecnologia. 

Uncanny Valley © Gabriela Neeb

As três estreias nacionais mostram a pesquisa de expoentes da cena artística brasileira: História do Olho – Um Conto de Fadas Pornô Noir, de Janaina Leite; Antes do Tempo Existir,de Andreia Duarte e Um Jardim Para Educar as Bestas,de Eduardo Okamoto. O diretor argentino Lisandro Rodríguez e o dramaturgo brasileiro Alexandre Dal Farra estão juntos na estreia internacional Tragédia e Perspectiva I – O Prazer de Não Estar de Acordo, com produção da MITsp.

MITbr – Plataforma Brasil 

Criada em 2018 como um programa de internacionalização das artes cênicas brasileiras, a MITbr tem, em 2022, curadoria de Jane Schoninger e Jorge Alencar. Ambos selecionaram sete grupos e artistas de vários estados brasileiros para se apresentarem ao público com a presença de programadores de festivais nacionais e internacionais. Os selecionados são Ancés, Tieta Macau (CE); Despacho Coletivo, de Jaqueline Elesbão/Coletivo Pico Preto (BA); E.L.A, de Jéssica Teixeira (CE); Eles Fazem Dança Contemporânea, de Leandro Souza (SP); Fortaleza, de Fauller/Cia. Dita (CE); Há Mais Futuro que Passado – Um Documentário de Ficção, de Complexo Duplo (RJ) e Trava Bruta, de Leonarda Glück (PR). 

Nas Ações Pedagógicas, a curadoria de Dodi Leal trouxe como tema Afetossíntese: as atividades reunidas colocam a força afetiva da elaboração cênico-performativa no sentido de gerar vigor nutritivo nas relações existenciais-sociais. Entre os destaques, estão os eventos: A Encontra da Pedagogia da Teatra, com conversas, shows e debates; oficinas e um Laboratório da Pedagogia da Performance.

Os Olhares Críticos, este ano com curadoria de Julia Guimarães e José Fernando Peixoto de Azevedo, propõem discussões sobre as artes cênicas e a contemporaneidade a partir da realização de conversas com pensadores e pesquisadores de diferentes áreas, além da publicação de críticas, artigos e entrevistas. A programação conta com as Reflexões Estético-Políticas, Pensamento-em-Processo, Diálogos Transversais, Prática da Crítica, Cartografia, entre outros.

FarOFFa do Processo

A FarOFFa nasceu a partir de uma provocação durante a MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo de 2020: a de que houvesse uma “cena off”, uma mostra que corresse em paralelo e fosse uma alternativa para o público. Assim, a partir daquele ano, o conceito da FarOFFA foi se cristalizando no que ela não é: não é um festival de teatro nem uma mostra de dança, mas tem um pouco de tudo isso. É no OFF que compõe sua grafia, que está a essência de seu conceito.

Em 2022, a mostra está debruçada sobre o fazer, o meio e o percurso. A FarOFFa do Processo reúne pesquisas cênicas que estão em estágios diferentes, dos que estão nos primeiros ensaios até aqueles que estão às vias de estrear. Ainda que os processos criativos sejam o núcleo dessa edição, a programação também contará com espetáculos já estreados – afinal, faz parte do processo criativo apresentar e reapresentar, uma vez que a obra nunca finaliza. São quatro espetáculos, já apresentados em temporadas anteriores: Manifesto Transpofágico, de Renata Carvalho, Traved, de Dodi Leal, Involuntários da Pátria, de Fernanda Silva e Sônia Sobral e Quando Quebra Queima, da ColetivA Ocupação.

As apresentações – mais de 30 obras em processo, no total – têm companhias e trabalhos como A Morte da Estrela, da Cia Livre, Carangueja, de Fernanda Silva e Teresa Seiblitz, Erupção – O Levante ainda não terminou, da ColetivA Ocupação, JORGE pra sempre VERÃO, de Aline Mohamad, Diego Mesquita e Rodrigo França, Terminal – O Ensaio de um Processo, de Yara de Novaes, Kelzy Ecard e Gustavo Vaz e Tremores, de Leticia Sekito.

Os processos cênicos serão apresentados no período de 6 a 12 de junho, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo), gratuitamente. A programação completa está disponível em www.faroffa.com.br.

MITsp

Mostra de Espetáculos 

Estádio (Stadium – 2017) | Mohamed El Khatib | França

Duração: 110 min | Recomendação: 10 anos|

Local: Teatro Sesc Pinheiros (Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo – SP)

Datas: 02, 03 e 04/06 – quinta, às 20h, sexta e sábado, às 21h

Ator, diretor e dramaturgo, Mohamed El Khalib escreveu Estádio colocando lado a lado a plateia do futebol e do teatro. Considerada formidável pelo jornal Le Monde, a peça se desenrola em dois tempos de 45 minutos, como em um jogo de futebol. Originalmente criado com uma plateia formada por torcedores de um time francês, os dois encenadores procuram evocar na cena as emoções de uma partida e contam histórias de seus torcedores. “O espetáculo é sobretudo o teatro de uma comunidadeE essa comunidade está longe de ser homogênea: ao contrário da imagem dada pelos torcedores, que tendemos a considerar uma massa quando não frequentamos os estádios, ela se desdobra no cenário em toda a sua diversidade, e se torna humana, encarnada por pessoas que nunca pensariam em se encontrar um dia em um teatro, e a quem Mohamed El Khatib oferece a oportunidade única de aparecer como eles são”, escreveu Brigitte Salino para o jornal Le Monde. 

O Martelo e a Foice (Le Marteau et la Faucille – 2019)| Julien Gosselin | França 

Duração: 60 min | Recomendação: 14 anos  

Local: Teatro Paulo Eiró (Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP)

Datas: 03, 04 e 05/06 – sexta e sábado, às 21h e domingo, às 20h

O solo dirigido por Julian Gosselin, O Martelo e A Foice, a partir do texto de Don DeLillo, conta a história de um ex-comerciante poderoso que agora vive em uma prisão ao lado de outros presos também influentes. São ex-financistas ou negociantes de arte, que ganharam muito dinheiro em crimes de “colarinho branco”. Um monólogo sobre posse e perda, sonhos e ausência de esperança. Interpretado por Joseph Drouet, ele nos coloca diante de uma imensa visão do vazio contemporâneo. “É este mundo, onde nada mais faz sentido e onde o grotesco impera, que Julien Gosselin decidiu trazer ao palco. Apresenta Joseph Drouet, um ator tão sóbrio quanto magistral…(ele.) Leva-nos a um turbilhão que ecoa o absurdo, a irracionalidade e a profunda angústia com que DeLillo reveste nosso mundo contemporâneo, que pode sacudir catástrofes opacas e indecifráveis”, escreveu o site Theatre Contemporain.

Vale da Estranheza (Uncanny Valley – 2019) | Rimini Protokoll | Alemanha

Duração: 60 minutos | Recomendação: livre

Local: Sesc Belenzinho (R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho, São Paulo – SP)

Datas: 08, 09, 10 e 11/06 – quarta e quinta, às 21h e sexta e sábado, às 17h e às 21h

Em outro solo presente na mostra, Vale das Estranhezas, da companhia de teatro Rimini Protokoll, uma figura aparentemente humana está sozinha no palco e faz pequenos movimentos de mãos e cabeça.  Esse robô faz uma palestra escrita por Stefan Kaegi, em colaboração com Thomas Melle, coloca algumas questões que reverberam em nosso tempo: quanto controle temos em nossas vidas? O que nos diferencia dos robôs? Se eliminarmos a incerteza da vida, o que nos resta? Sobre a peça Sam Williams, do site Frieze escreveu: “A produção abraça essa qualidade freakshow, lançando o voyeurismo empático do teatro contra o voyeurismo ocular que se liga ao robô, que aponta para o público”.

História do Olho – Um Conto de Fadas Pornô-noir (2022) | Janaina Leite | Brasil

Historia do Olho- Um conto de fadas pornô-noir @cacá bernardes

Duração: 180 min. – com intervalo | Recomendação: 18 anos

Local: Teatro Paulo Eiró (Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP)

Datas: 10 a 12/06 – Sexta e sábado, às 20h e domingo, às 18h

Entre as estreias, um dos destaques é Janaina Leite que desenvolve há alguns anos a pesquisa sobre pornografia. História do Olho – Um Conto de Fadas Pornô-noiré uma livre adaptação de História do Olho, de Georges Bataille. A diretora investiga a relação entre teatro e pornografia, tema recorrente em seus últimos espetáculos, nos quais a pornografia é reivindicada como uma arte cênica. Mesclando ficção e não ficção, a peça segue a estrutura do livro para contar, em cenários de contos de fadas, a história de três adolescentes em suas descobertas sexuais. Sobre a pesquisa da diretora, o pesquisador Luiz Fernando Ramos, da USP, disse sobre seu trabalho: “As obras de arte são a vida pulsando e o risco que esta pulsação assume. Pressupõem a coragem de olhar e ver, e voltar para dizer e apresentar dizendo e mostrando. Janaina Leite explora regiões profundas, como espeleologistas, astronautas, mergulhadores e microbiologistas. Navega também, como poeta, no acaso da investigação que se faz fazendo, em perdas e ganhos, tropeços e sustos patéticos.

Antes do Tempo Existir (2022) | Andreia Duarte e Denilson Baniwa, Kenia Dias, Lilly Baniwa e Ricardo Alves Jr. | Brasil

ANTES DO TEMPO EXISTIR ©Ricardo Alves Jr

Duração: 80 min. | Recomendação: livre 

Local: Teatro Cacilda Becker (R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo – SP)

Datas: 10 a 12/06 – Sexta, às 18h e sábado e domingo, às 21h

A criação coletiva de artistas indígenas e não indígenas, Antes do Tempo Existir, busca a memória longínqua dos povos originários e um diálogo entre as variadas existências no planeta. O trabalho é um desdobramento dos conceitos apresentados em O Silêncio do Mundo (2020), cuja palestra-performance com Ailton Krenak, o crítico Antonio Hohlfeldt, do Jornal do Comércio, descreveu como: “Mas como explicar um espetáculo tão profundamente emocionante e criativo quanto ‘O Silêncio do Mundo’, segundo a concepção de Andreia Duarte e de Ailton Krenak? Aquela rede artesanal estendida por sobre a cabeça dos intérpretes, a simplicidade de Ailton e a dedicação de Andreia emocionaram a todos que ali estivemos. Efetivamente, foi como se, naquela noite, estivéssemos todos reunidos em torno do fogo original, a ouvir o ruído do passado que o silêncio do presente pretende destruir.”  Neste novo trabalho coloca em evidência o tempo dilatado e aumenta as possibilidades de comunicação entre seres diversos, humanos e não humanos.

Um Jardim para Educar as Bestas (2022) | Uma criação de Eduardo Okamoto, Isa Kopelman, Marcelo Onofri e Daniele Sampaio | Brasil 

Um Jardim para Educar as Bestas ©Nina Pires

Duração: 55 min. | Recomendação: 12 anos

Local: Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP)

Datas: 04, 05, 11 e 12/06 – sábado e domingo, às 17h

Um Jardim para Educar as Bestas, uma criação dos artistas Eduardo Okamoto, Isa Kopelman, Marcelo Onofri e Daniele Sampaio, que reescreve, de modo alegórico, A Lenda do Oleiro Saburo e da Senhora Fuyu, uma das histórias do livro Homens Imprudentemente Poéticos, de Valter Hugo Mãe. Esse duo para piano e atuação, a trama é transposta para o sertão brasileiro e dialoga com textos de Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha, e mistura narração, representação, movimento e música. 

Tragédia e Perspectiva I – O Prazer de Não Estar de Acordo (2022) | Alexandre Dal Farra, Lisandro Rodríguez | Argentina, Brasil 

Duração: 85 min. | Recomendação: 16 anos

Local: Galpão do Folias (R. Ana Cintra, 213 – Santa Cecília, São Paulo – SP)

Datas: 06 a 12/06 – Segunda a domingo, às 20h

O diretor argentino Lisandro Rodríguez participou da última edição da MITsp, em 2020, com a residência artística Teatro Urgente: Encontro Agonizante, que iniciou o processo de criação de Tragédia e Perspectiva 1 – O Prazer de Não Estar de Acordo.  O trabalho marca seu retorno à Mostra ao lado do dramaturgo brasileiro Alexandre Dal Farra – esta é a segunda parceria dos dois artistas, que já trabalharam juntos na montagem de Abnegação III – Restos, encenada na Argentina. No espetáculo, com produção da MITsp, cinco pessoas (escolhidas durante a residência de Lisandro) se encontram em volta de uma garrafa de água. São indivíduos desencantados, como se enterrados vivos no ambiente claustrofóbico em que estão. Ali, revisam as suas posições, as suas discordâncias, mudam de posição, descobrem coisas sobre si mesmas, e sobre os outros, cometem crimes e se amam. 

Sobre a parceria entre Dal Farra e Rodríguez, o crítico do jornal La Nacion Federico Irazábal escreveu: “Se o teatro clássico e dramático soube jogar com a ilusão, Rodríguez parece ir contra esse artifício complexo, até o momento em que o exibe: neste caso, uma mudança brusca de luz revela o que sempre esteve presente e o público não pôde assistir ; uma forma de falar da nossa própria cegueira política, cegueira a partir da qual, como indivíduos (ou como representantes de famílias), impomos um destino inelutável à sociedade. Mas Rodríguez encena, desta vez nas mãos de Dal Farra.”

MITbr – Plataforma Brasil

Em seu quinto ano consecutivo (em 2021 houve uma edição online com grupos convidados), a MITbr – Plataforma Brasil, criada em 2018 como um dos eixos da MITsp,procura dar visibilidade, difundir, circular e trazer reconhecimento para o cenário artístico nacional. Nesta edição, a curadoria de Jane Schoninger e Jorge Alencar selecionou sete grupos e artistas que se apresentam ao público com a presença de programadores de festivais nacionais e internacionais. 

Para esta edição, compõem a programação os espetáculos: Ancés, Tieta Macau (CE); Despacho Coletivo, de Jaqueline Elesbão/Coletivo Pico Preto (BA); E.L.A, de Jéssica Teixeira (CE); Eles Fazem Dança Contemporânea, de Leandro Souza (SP); Fortaleza, de Fauller/Cia. Dita (CE); Há Mais Futuro que Passado – Um Documentário de Ficçãode Complexo Duplo (RJ); Trava Bruta, de Leonarda Glück (PR). 

Desde 2018, procuramos fomentar e promover grupos e artistas nacionais, que privilegiam espetáculos com pesquisa experimental e investigação da linguagem cênica. Dentro da nossa programação, nos debruçamos sobre o debate de internacionalização. Além da programação de espetáculos nacionais, temos realizado ações pedagógicas voltadas para a capacitação de gestores e produtores culturais, além de cursos e seminários“, afirma Guilherme Marques.

Ao longo das edições, com a MITbr conseguiu resultados para artistas e grupos brasileiros. “Essas ações reforçam a política da MITsp que é de internacionalização, voltada ao apoio aos artistas brasileiros, não apenas com circulação, mas com o desenvolvimento e a sustentabilidade das linguagens artísticas“, coloca Antonio Araujo. 

Parcerias com festivais: resultados práticos 

A MITsp, por meio da MITbr – Plataforma Brasil, vem conversando e fechando acordos com eventos de artes cênicas. São parceiros os festivais de Edimburgo; o Proximamente da KVS, em Bruxelas, o Lift, em Londres e o Festival de Santarcangelo, na cidade italiana de mesmo nome. 

As ações que visam a internacionalização já apontam resultados concretos: artistas e grupos brasileiros conseguiram se inserir no trânsito de colaborações e apresentações. Altamira 2042, de Gabriela Carneiro da Cunha, estreado na MITsp em 2019, esteve em turnê por festivais de países como França, Portugal, Suíça e Uruguai em 2022. Lobo, de Carolina Bianchi, foi convidado a se apresentar no Skirball, em Nova York, em 2020. A atriz e diretora Janaina Leite, que se apresentou na edição de 2020, deu um workshop no Festival Proximamente, na Bélgica. O Grupo Mexa levou Cancioneiro Terminal para o Festival Transform, em Leeds, na Inglaterra; e devem iniciar um processo à distância com artistas da cidade inglesa para a próxima edição. 

Outros espetáculos como violento., solo encenado por Preto Amparo, com concepção de Preto Amparo, Alexandre de Sena, Grazi Medrado e Pablo Bernardo; Caranguejo Overdrive, da Aquela Cia de Teatro; Isto é um Negro?, do grupo E Quem É Gosta?; Vaga Carnede Grace Passô; De Carne e Concretoda Anti Status Quo Companhia de Dança estiveram em festivais como o Festival Mladi Levi, na Eslovênia, o Proximamente e o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto, Portugal.

Em dança, a bailarina e coreógrafa Marta Soares, com Vestígios, teve ingressos esgotados na sua performance em 2019 no Festival Proximamente. Boca de Ferro, das coreógrafas Marcela Levi e Lucía Russo, foi assistido aqui e em outros festivais por programadores internacionais e, em 2021, a dupla estreou grrRoUNd no Festival de Artes Kunsten, na Bélgica. O trabalho, uma coprodução com outros festivais, ainda é inédito no Brasil.

Programação MITbr

Ancés (2017) |Tieta Macau| (CE)

Duração: 45 minutos | Recomendação: livre 

Local: Sala Multiuso Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP)

Datas: 11 e 12/06 – sábado, às 19h e domingo, às 17h e 20h

Ancés traça um percurso entre presença e ausência, ativando memórias não codificadas em instâncias dizíveis ou lineares. A coreografia se desenrola da linearidade greco-romana de Cronos, marcada pelas horas, para um tempo e espaço direcionado a Iroko, orixá cultuado pelo candomblé no Brasil, regido pelo tempo de imanência da ação. Percorre o tempo de evocação e articulação de memórias, que se dão entre movimento, som e palavra, rastros que compõem o presente da criação. Com isso, Tieta Macau apresenta o espetáculo como modo de pensar/inventar relações entre ancestralidade, corpo, memória e contemporaneidade, colocando a dança como possibilidade de rearticular narrativas, tornar heterogêneo o que antes era homogêneo, causar estanques, interrupções, desviar de padrões, inventar, propor novos fins e inícios.

DESPACHO DEFERIDO (2021) | Jaqueline Elesbão/Coletivo Pico Preto | BA

Duração: 34 minutos | Recomendação: 16 anos 

Local: Palco Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP)

Datas: 08 e 09/06 – quarta, às 18h e quinta, às 20h

Com perspectiva afro-futurista, o solo Despacho Deferido é um convite à resistência e preservação da ancestralidade. Usando metáforas que rementem ao universo dos jogos, traz para o público negro a experiência de se imaginar como peça fundamental em um sistema que escancara o racismo e sustenta o sexismo. Estruturas são desmontadas e reconfiguradas em desobediência à lógica dominante, como reparação necessária que potencializa a virada de históricos de violências e constrangimentos. No palco, Jaqueline Elesbão interage virtualmente com rostos negros, joga capoeira com ela mesma, dança com um atabaque. Imagens de Brasília e de jogos de xadrez, dominó e sinuca são intercaladas com o objetivo de estimular reflexões sobre o imaginário, as narrativas negras e a construção do negro como o outro e consigo mesmo. 

E.L.A (2019) | Jéssica Teixeira| CE

Duração: 70 minutos | Recomendação: 14 anos 

Local: Teatro João Caetano (Rua Borges Lagoa, 650 – Vila Mariana)

Datas: 11 e 12/06 – sábado, às 21h e domingo, às 15h

No solo, a atriz Jéssica Teixeira investiga cenicamente seu próprio corpo – inquieto, estranho e disforme – e questiona de que forma ele interage com o mundo. Assumindo a personalidade Ela, em contraponto a seu corpo (Ele), Jéssica faz de seu físico uma ferramenta multifacetada (ética, política, estética), que desestabiliza e potencializa outros corpos e olhares, buscando uma visão sensível sobre a diversidade e a multiplicidade, além de uma crítica à imposição de padrões de beleza. A artista se apoia em textos teóricos (como o livro O Corpo Impossível, da pesquisadora Eliane Robert Moraes) e na sua própria biografia para criar, em cena, um misto de depoimento e cenas performáticas. Vemos, nesse trânsito narrativo, seu corpo transformar-se muitos: da diva pop ao ciborgue, até libertar-se de amarras e desembocar na selvageria.

Eles Fazem Dança Contemporânea (2019) | Leandro Souza| SP

Duração: 40 min | Recomendação: 16 anos 

Local: Sala Multiuso Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP)

Datas: 08 e 09/06 – quarta, às 19h e quinta, às 19h e 21h

Enquanto manipula uma pilha de cabelos sintéticos, o artista Leandro Sousa repete incessantemente a pergunta “Eu sou suficientemente negro para você?”, refrão de uma música do afro-estadunidense Billy Paulo. Eles Fazem Dança Contemporânea é um solo coreográfico gerado pelo emaranhamento da fala, do corpo e do objeto. Nele, o artista procura por uma cena síntese capaz de dar vazão aos dilemas, ruídos e tensões, envolvendo as presenças negras na arte contemporânea ocidental. A dança é articulada a partir de novos entendimentos sobre coreografia, dialogando com as artes visuais e a performance e se alinhando à crescente demanda por representatividade e descolonização da produção de arte e conhecimento. Leandro busca tensionar as questões da negritude, em relação aos modos eurocentrados de fazer, pensar e ver arte. Ele provoca reflexões acerca de uma lógica do “lugar específico”, pelas quais operam instituições artísticas e às quais corpos racializadas e subalternizadas são relegadas. 

Fortaleza (2019) | Cia Dita| CE

Duração: 40 minutos | Recomendação: 18 anos 

Local: Palco Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP)

Datas: 11 e 12/06 – sábado, às 18h e domingo, às 19h

A palavra Fortaleza traz a ambiguidade de ser o nome da capital do Estado do Ceará, na região nordeste do Brasil, e designar uma estrutura arquitetônica militar projetada para a defesa na guerra – aludindo às ideias de força e fortificação. O espetáculo da Cia. Dita remete a essas duas possibilidades, já que trabalha a partir da iconografia da cidade, por meio de fotografias que retratam os bailarinos nus diante de marcos arquitetônicos. O trabalho apresenta-se como resistência, revelando um corpo-cidade político que busca tornar possível viver na aspereza da vida urbana, ao mesmo tempo que coloca em evidência as raízes indígenas, a influência da Belle Époque e de outros fatos históricos da capital. Revela corpos periféricos e marginais, em permanente estado de guerra. Ali se inscrevem simultaneamente a violência e a delicadeza da cidade, cujo nome já traz em si a ideia de resiliência. 

Há Mais Futuro que Passado – Um Documentário de Ficção (2017) | Clarisse Zarvos, Cris Larin, Daniele Avila Small, Mariana Barcelos, Tainá Nogueira e Tainah Longras | RJ

Duração: 75 minutos | Recomendação: 16 anos 

Local: Alfredo Mesquita (Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo – SP)

Datas: 09 e 10/06 – quinta, às 20h e sexta, às 16h

Crítica à historiografia oficial e ao poder que as narrativas hegemônicas exercem sobre a nossa visão de mundo, a peça-paletra joga luz sobre a vida e a obra de importantes mulheres latino-americanas. Como numa conferência à plateia, as três atrizes apresentam uma pesquisa sobre artistas de diferentes países da América Latina, com produções dos anos 1960 aos 1980. A partir de documentos, cartas, vídeos, gravações em áudio e canções, elas questionam a predominância de nomes masculinos e europeus como personalidades de destaque. Além disso, discutem a distância entre o Brasil e os países vizinhos e como desconhecemos aquilo que foi produzido tão perto de nós. Ao longo da narrativa, o tom de palestra do elenco (que, em cena, também opera os vídeos, o som e a iluminação) dá lugar a passagens poéticas, costurando um discurso que fricciona a ficção e o documental.

Trava Bruta (2021) | Leonarda Glück | PR

Duração: 70 minutos | Recomendação: 18 anos

Local: Teatro João Caetano (Rua Borges Lagoa, 650 – Vila Mariana)

Datas: 08 e 09/06 – quarta, às 21h e quinta, às 17h

Partindo de sua experiência transexual, Leonarda Glück apresenta um manifesto cênico que propõe uma ponte e também um contraponto entre o contexto artístico e a atual conjuntura política e social do Brasil no campo da sexualidade. Sozinha em cena, a atriz e dramaturga discute a relação da cultura com a transexualidade, discorre sobre como é ser uma artista trans no país de hoje e de que forma a sociedade reage a um corpo que provoca, a um só tempo, repulsa e desejo. Para tanto, o espetáculo busca tensões entre a ficção e a realidade, costurando diversas camadas de artificialidade, como videoprojeções, efeitos sonoros, filtros de redes sociais (que modificam a aparência da atriz) e artifícios de figurino, que ora revelam, ora ocultam. São recursos que vão sendo destruídos e desconstruídos ao longo da narrativa, num constante questionamento sobre quais ficções são permitidas, quais diversidades são aceitas.

Ações Pedagógicas

LABORATÓRIO DE PEDAGOGIA DA PERFORMANCE

Integrando o Eixo das Ações Pedagógicas da MITsp, o Laboratório de Pedagogia da Performance é um espaço dedicado ao estudo e à experimentação da arte da performance a partir de matrizes do Brasil e de outros países. A programação articula estudos teóricos com realizações estéticas concretas provenientes de coletivos, movimentos, festivais e trabalhos artísticos autorais.

Como vetor do Laboratório, estão os saberes pedagógicos corporalizados, tendo em vista as epistemologias anticoloniais e as teatralidades diaspóricas. Equaciona-se neste espaço as matrizes educativas e tecnológicas dos processos de criação da cena e do corpo e as suas relações com a recepção estética tratando dos aspectos qualitativos e profundos das visualidades da cena e tecnologias do corpo em campo expandido.

ELA | Vina Amorim | MG

Local: Centro Cultural Vila Itororó (Rua Maestro Cardim, 60 – Bela Vista, São Paulo – SP)

Dia 09/06 às 15h – Roda de Conversa às 16h 

A performance da multiartista Vina Amorim parte da ideia da morte como luto, em uma sociedade estruturada pela necropolítica. A morte apresenta-se também como ponte para a travessia, como renascimento e transição. Guiada poeticamente pelo butô, a artista investiga memórias, cria imagens e busca as fissuras pelas quais surgem experiências inomináveis, que só dão conta de serem expressas quando dançadas. Desse modo, a performer se torna a curva que se desvia da norma. ELA é a travessia, é o incerto. ELA é o que fica depois da partida, o que não mente e se faz presente em cada movimento, experimentando o trânsito impregnado entre a presença e a ausência. ELA desobedece ao que lhe foi dado no nascimento para ser imorredoura de todas nós.

PROcurava Ser Afetada| Efe Godoy | MG

Local: Centro Cultural Vila Itororó (Rua Maestro Cardim, 60 – Bela Vista, São Paulo – SP)

Dia 10/06 às 16h 

Este experimento performático trata do afeto na infância, para falar da confiança da alma de uma criança que acredita na essência de apenas existir. Com uma pesquisa no hibridismo em suas variadas linguagens (vídeo, objeto, desenho, pintura, performance), esse ritual procura entender que podemos ser “afetadas”. 

Cartas de Amor: Espiral da Morte | Uýra

Local: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520, Bixiga – São Paulo – SP)

Dia 11/06 às 15h 

Nesta performance, a indígena da Amazônia Central que atua como artista visual, arte educadora e pesquisadora questiona: O que são cartas de amor? Quais amores nesses mundos são possíveis? Que corpos têm direito ao sentir e ao expressar esse sentimento? Quem ainda escreve e quem ainda recebe cartas de amor? Longe de respostas, a performance é um debate, que talvez vire escrita ativa e coletiva, que talvez relembre a importância do amor e suas expressões.

UMA | Ymoirá Micall

Local: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520, Bixiga – São Paulo – SP)

Dia 11/06 às 15h30

UMA é um experimento coreográfico da artista multidisciplinar, travesti e fundadora da Cia. Sacana, que funde corpo, texto e música para estabelecer uma nova compreensão sobre si, reparando ideias intrínsecas e dançando suas criações de texto. Investigação de corpo, danças inventadas para manifestações de ser, dialogando com sensações do não-lugar, com o processo de autoconhecimento e com a permissividade do afeto.

SHOWS

Isis Broken convida Aqualien

Local: Centro Cultural Vila Itororó (Rua Maestro Cardim, 60 – Bela Vista, São Paulo – SP)                  

Dia: 10/06 às 17h 

Pocket show do novo álbum de Isis Broken, Bruxa Cangaceira, que traz reflexões sobre corpos travestis pretos e nordestines. A apresentação terá base de 50 minutos, com intercessão de Aqualien, homem trans e marido de Isis Broken.

Ayô Tupinambá

Local: Centro Cultural Vila Itororó (Rua Maestro Cardim, 60 – Bela Vista, São Paulo – SP)                  

Dia: 09/06 às 17h 

Dores Doces e Amargores é uma obra de arte nas linguagens de música e literatura que retrata a vivência travesti, preta e gorda da artista Ayô Tupinambá. Com esse pocket show, a artista compartilha o revisitar de sua própria história, seu corpo, suas emoções, afetividades e sexualidade após sua transição. Alcançar o futuro, ser no presente, olhar o passado e se perceber ali sempre travesti.

Assucena

Local: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520, Bixiga – São Paulo – SP)                                                                   Dia: 11/06 às 16h 

Pocket show de Assucena, cantora e compositora, indicada duas vezes ao Grammy Latino (2019 e 2020), apresenta canções do álbum Minha voz e eu.  Uma conversa entre a voz, a distorção, a melodia e a tecnologia. Assucena apresenta sua intimidade musical a partir do estudo de timbres e de manifestações sensíveis de sua voz. “Minha voz é a metáfora concreta e etérea de minha liberdade”, afirma. Passeando por beats, violão e guitarra, o repertório autoral se mescla à tradição da música popular brasileira, incluindo nomes como Gonzaguinha, Caymmi e Gal. A tradição no seu encontro com o contemporâneo.

Pocket Sarau | Bixarte e Julian Santos

Local: Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP)

Datas: 06/06, das 18h às 19h

Pocket sarau com Bixarte e Julian, artistas paraibanos que, juntos, trazem uma mistura de música popular brasileira com poesia marginal, embargando o ódio e o amor que percorrem e atravessam seus corpos trans.

OFICINAS

Massageaço, com Danilo Patzdorf e Isabela Laynes

Inscrição por ordem de chegada (credenciamento abre 1hora antes da atividade) 

Local: Casa do Povo (Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro, São Paulo – SP)

Data: 4 e 5 de junho, sábado e domingo , das 10h às 13h

Massageaço* é um encontro para aprender e trocar massagem. Conduzida por Danilo Patzdorf e Isabela Laynes, o objetivo é compartilhar técnicas e saberes necessários para se aplicar um toque estruturado em situações informais. Cruzando arte com saúde, investiga as causas somato-políticas que transformaram a experiência do tato em tabu ou trauma para nossos corpos ocidentalizados. Em seguida, vivenciam-se diferentes manobras de massoterapia e seus possíveis efeitos terapêuticos na dimensão fisiológica, afetiva, ética e estética.

*Esta é uma oficina artístico-pedagógica que envolve massagem, dança e yoga. Por isso, cada participante precisará levar um tapete/toalha/canga/colchonete/almofada para forrar o chão e se sentar/deitar com conforto.

Daquilo que te afeta | Efe Godoy

Inscrição por ordem de chegada (credenciamento abre 1 hora antes da atividade)  

Local: Casa do Povo (Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro, São Paulo – SP)

Data: 10/06 , das 10h às 12h

Conduzida pelo artista visual míope, transvestigênere, essa é uma vivência para conhecer as pessoas por meio do desenho, a proposta aqui é liberdade, resgatar um desenho de infância, sem medo de errar, sem pretensão de criar o desenho mais bonito do universo. Vamos brincar com a genuinidade, brincar com o fazer de verdade, e depois expressar com o corpo essa vontade. Toda pessoa tem algo que ressoa, toda pessoa tem algo a dizer através dos movimentos que a fazem existir. Um momento de dançar e desenhar.

Internacionalização na Prática – Módulo 2 | Wolfgang Hoffmann

Local: Goethe-Institut São Paulo (R. Lisboa, 974 – Pinheiros, São Paulo – SP)

Datas: 6 a 9 de junho, segunda a quinta, das 9h às 13h

Sequência da oficina on-line da programação do MIT+, este segundo módulo tem como objetivo refletir sobre a importância da solidariedade e da cultura de compartilhamento. A partir da elaboração de sessões de pitch, para um apresentador real, os participantes deverão identificar as metas e traçar estratégias para o seu próprio trabalho e definir a posição que querem ocupar no cenário global. Todos os participantes deverão sair dessa oficina com um conjunto claro de metas alcançáveis para o próximo ano e uma estratégia para atingir essas metas.

Esta oficina é uma ação da MITbr – Plataforma Brasil, eixo de internacionalização das artes cênicas brasileiras da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, com realização da Olhares Instituto Cultural e apoio do Goethe-Institut São Paulo.

CONFERÊNCIA

Afetividades Cênicas | Geni Núñez

Local: Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP)                                                                   Dia 12/06 às 17h 

Nesta atividade, será discutida a monocultura dos afetos e seus efeitos na construção das relações consigo mesmo e com os demais seres. A conversa traz a importância de nomear, reconhecer e buscar formas de reparação das colonialidades. Por meio da noção de reflorestamento do imaginário e artesania dos afetos será feita a reflexão sobre outras pistas e caminhos para construção de envolvimentos mais potáveis nas diversas relações.

ENCONTRA DE PEDAGOGIAS DA TEATRA: AFETIVIDADES DO SABER RISCAR E ARRISCAR     

Inscrição por ordem de chegada (credenciamento abre 1hora antes da atividade) 

Encontra é um espaço para revitalizar as metodologias de criação teatral a partir das experiências disruptivas de saberes não hegemônicos. Serão realizadas trocas reflexivas e práticas nas quais as corporalidades se arriscam em novas possibilidades de encontrar outras formas de riscar os fazeres de espaço e de cena. A combinação de rodas com oficinas, sarau e momentos de convívio pretende instigar os afetos vetoriados pela perspectiva transfeminista de transição de gênero da área teatral: do teatro para a teatra. O objetivo é instigar novas pedagogias baseadas nos saberes trans. A programação inclui: 

Encontros com Luh Maza, Aretha Sadick e  Gretta Starr; Roda de conversa com Bernardo de Assis, Daniel Veiga, Gabriel Lodi e Léo Moreira Sá; Pocket Sarau com Bixarte e Julian Santos. 

OLHARES CRÍTICOS

Curadoria: Julia Guimarães e José Fernando Peixoto de Azevedo 

O eixo reflexivo da MITsp propõe uma discussão sobre as artes cênicas e a contemporaneidade a partir da realização de conversas com pensadores e pesquisadores de diferentes áreas, além da publicação de críticas, artigos e entrevistas. 

REFLEXÕES ESTÉTICO-POLÍTICAS

Como compreender as tensões narrativas existentes hoje na constituição do comum? Quais as potências da arte para atuar sobre o contexto de luto e luta que atravessa a experiência brasileira recente? Esse seminário discute a produção e as contradições da linguagem e da cultura no Brasil contemporâneo.

As conferências são realizadas por pensadores de diferentes áreas, em diálogo com os temas que atravessam o seminário de reflexões estético-políticas.

“As fronteiras entre os saberes orgânicos e os saberes sintéticos”, com Nego Bispo (PI)

Local: Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP)

Datas: 07/06, das 19h às 21h

O escritor, mestre quilombola, lavrador, formado por mestras e mestres de ofícios trata de saberes orgânicos são os que se envolvem para compor o mundo do Ser. Os saberes sintéticos são os que se desenvolvem para compor o mundo do Ter. Mediação: Rosane Borges (SP)

“Sobre a Exaustão – Uma Leitura da Subjetividade”, com Denise Ferreira da Silva

Ação online | Datas: 08/06, das 14h às 16h | Onde: canal da MITsp no YouTube

Aula aberta e online com a autora que especula sobre como o tempo, o contexto ético moderno privilegiado, opera como uma instância de poder não dissimilar os outros mecanismos de apropriação com fins de assimilar valor econômico. Denis publicou os livros Towards a Global Idea of Race (2007), A Dívida Impagável (2019), Unpayable Debt (2022).

Mesa 1: “O meu país é o meu lugar de fala”: destruição e linguagem

Local: Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP)                                                                   Dia 04/06 das 14h às 17h 

Com: Babalorixá Sidnei Nogueira de Xangô (SP) + João Cézar Rocha (RJ) + Silvia Viana (SP) 

Mediação: Rosane Borges (SP)

Quais as relações entre linguagem e vida pública brasileira atual? Como compreender as tensões narrativas existentes hoje na constituição do comum? A linguagem, como aspecto decisivo da experiência, emerge ao mesmo tempo como sintoma e arma. E é ainda pela linguagem que a transformação se anuncia.

Mesa 2: Elaborações do presente: políticas da morte e imaginação política

Local: Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP)                                                                

Dia 05/06 das 14h às 17h 

Com: Aldri Anunciação (BA) +  Casé Angatu (BA) + Fabio Luís Franco (SP)  

Mediação: Rosane Borges (SP) 

Governar os vivos tem se revelado como uma forma de gestão da morte. Num contexto em que luta e luto não são apenas deslizamentos lexicais, quais as formas de vida que, em trabalho de resistência, desenham outras temporalidades para além do futuro imediato do presente? Quais as potências da arte e da cultura para lidar com a dimensão traumática que atravessa a experiência brasileira recente?

CONVERSAS

Ações de reflexão realizadas em torno da Mostra de Espetáculos da MITsp, com a presença de criadores das obras e pesquisadores de outras áreas do conhecimento.

DIÁLOGOS TRANSVERSAIS 

Reflexões críticas realizadas em diálogo com o público. Convidados de diferentes campos do conhecimento lançam olhares transversais, no intuito de cruzarem as fronteiras e ampliarem as leituras das obras em foco.

O Martelo e a Foice, com Rita Von Hunty. Mediação: Conrado Dess 
Local: Teatro Paulo Eiró (Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP) | Dia 05/06 – Após o espetáculo

Vale da Estranheza, com Giselle Beiguelman. Mediação: Conrado Dess 
Local: Sesc Belenzinho (R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho, São Paulo – SP) | Dia 09/06 – Após o espetáculo

Antes do Tempo Existir, com Jerá Guarani 

Local: Teatro Cacilda Becker (R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo – SP) | Dia 10/06 – Após o espetáculo

PENSAMENTO-EM-PROCESSO + DIÁLOGOS TRANSVERSAIS

Convidados de diferentes campos do conhecimento lançam olhares transversais sobre espetáculos da Mostra, em diálogo com os artistas e com o público. Reflexões sobre o processo de criação são desenvolvidas a partir da leitura das obras em foco.

>> Estádio | com Mohamed El Khatib e Christian Dunker. Mediação Maria Lúcia Pupo
Local: Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP) | Dia 03/06 das 16h às 18h

>> Tragédia e Perspectiva I | com Lisandro Rodríguez, Alexandre Dal Farra e José Antonio Pasta Jr. Mediação: Conrado Dess

Local: Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP) | Dia 09/06 das 16h às 18h

>> História do Olho – Um Conto de Fadas Pornô-Noir | com Amara Moira, Janaina Leite e performers. Mediação: Júlia Guimarães
Local: Teatro Paulo Eiró (Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP) | Dia 11/06 das 16h às 18h

>> Um Jardim para Educar as Bestas | com Eduardo Okamoto e Cassiano Sydow Quilici Mediação: José Fernando Peixoto de Azevedo
Local: Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP) | Dia 05/06 – após o espetáculo

PENSAMENTO-EM-PROCESSO

Antes do Tempo Existir | com Andreia Duarte, Denilson e Lilly Baniwa. Mediação: Maria Lúcia Pupo 
Local: Teatro Cacilda Becker (R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo – SP) | Dia 11/06 – Após o espetáculo

PRÁTICA DA CRÍTICA

Crítica diária

Produção diária de críticas sobre os espetáculos da mostra para veiculação eletrônica (www.mitsp.org). Com: Daniel Guerra (BA), Guilherme Diniz (MG), Ierê Papá (CE/SP), Lorenna Rocha (PE) e Michele Rolim (RS – Coordenação).

Panoramas Críticos

Os críticos integrantes da Prática da Crítica debaterão o conjunto de espetáculos apresentados na MITsp, sua repercussão e as questões sobre a cena teatral contemporânea suscitada por estes trabalhos.

Cartografias

Entrevistas e artigos de atravessamento sobre espetáculos da mostra para veiculação eletrônica (www.mitsp.org). 

Exibição do filme ‘Quem tem medo?’

Artistas: Dellani Lima, Henrique Zanoni e Ricardo Alves Jr. | Brasil, 2022 |  71 min.             

Classificação indicativa: 10 anos

Local: Cine Satyros Bijou (Praça Franklin Roosevelt, 172 – Consolação, São Paulo – SP)

Data: 3 de junho, sexta-feira, às 19h

Longa-metragem documental que narra a ascensão da extrema direita no Brasil a partir da perspectiva de artistas que tiveram obras censuradas. Com suas vozes, o filme compõe um mosaico das consequências da presente escalada do extremismo no país.

Após a sessão, haverá debate com Guilherme Varella, integrante do Mobile (Movimento Brasileiro Integrado pela Liberdade de Expressão Artística), e convidados.

Programação atualizada no site www.mitsp.org

(Carta Campinas com informações de divulgação)