.Por Sandro Ari Andrade de Miranda.

(detalhe de greve, de candido portinari)

Na vida todos nós temos ofícios.

Alguns nascem iluminados pela arte, pelo dom da sabedoria.

Outros, por seu turno, constroem seu ofícios no exercício do dia a dia.

Alguns ofícios são belos por natureza, como o de ensinar, e o exercício de salvar vidas.

Outros, torturantes, como o ofício de produzir incessantemente sem descansar.

Eu, sempre avesso aos padrões, escolhi o ofício de lutar.

O ofício de lutar nasce de uma predisposição à rebeldia,

é inerente ao desejo contínuo de romper com os muros que nos limitam.

Lutar não é só resistência, mas um prática criativa de pensar novos mundos

nos quais as injustiças sejam desfeitas e onde o ódio se perca no tempo.

O ofício de lutar consiste em semear sementes em espaços esquecidos,

em acalentar vozes, dar concretude aos sonhos, despertar esperanças no vazio do sofrimento.

O ofício de lutar é parte de todos os que resistem aos seus destinos,

É a arte de transformar o intangível em parte do cotidiano,

e, também, romper as fronteiras do silêncio imposto.

O ofício de lutar é um exercício de coragem, um despertar diante de incertezas.

É não calar diante da dor, nem remoer as mágoas do abandono.

Lutar é transformar a vida em algo que se renova, como o fogo acalentado pelas paixões