Em São Paulo –Centro Cultural São Paulo, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, recebe, de 18 de setembro a 14 de novembro de 2021, a exposição “Poesia Experimental Portuguesa”, no Piso Flávio de Carvalho. O compilado de obras apresenta, pela primeira vez ao público brasileiro, um panorama da poesia experimental realizada em Portugal desde os anos 1960 até os dias atuais.

São cerca de 80 trabalhos de 18 artistas portugueses, com curadoria de Bruna Callegari e Omar Khouri. A coletânea percorre uma trajetória de seis décadas de produção poética em diferentes formatos e suportes: impressões, pinturas, caligrafias, fotografias, objetos, áudios e vídeos.

Abílio-José Santos. Corte, s.d. Colagem sobre papel e eletrografia, 15 x 21 cm

Apelidada com as iniciais de Poesia Experimental, a PO-EX nunca se configurou como um movimento fechado e teve pouca visibilidade no Brasil, embora ambos os países compartilhem da mesma língua e os portugueses tenham sido influenciados pela Poesia Concreta brasileira. Na exposição, destacam-se obras de artistas como E.M. de Melo e Castro, Ana Hatherly, António Aragão, Salette Tavares, Silvestre Pestana, António Barros, Fernando Aguiar, Abílio-José Santos, entre outros. Falecido no ano passado, o poeta E. M. de Melo e Castro, pai da cantora Eugénia Melo e Castro, recebe homenagem especial da curadoria.

A Poesia Experimental sempre se configurou como uma prática artística de resistência e transgressão. “Esta poesia nasce e se desenvolve no que se pode chamar Era Pós-Verso, instaurada pela Poesia Concreta, nos anos de 1950. Os experimentais são poetas que valorizam as visualidades todas, assim como as técnicas que as possibilitam. Fizeram uso de todos os media que se apresentaram acessíveis”, explica o curador e poeta brasileiro Omar Khouri.

“É uma poesia que, desde o início, teve como característica a desmaterialização, praticada à margem, que utilizou meios e materiais frágeis e de pouca circulação, mas que se fundou em um conceitualismo muito forte”, explica a curadora Bruna Callegari. Em suas viagens a Portugal, Bruna encontrou com artistas, colecionadores e instituições de arte e recolheu um variado material, que compreende desde revistas independentes, documentos, obras em papel, colagens, arte-postal, registros em vídeo e objetos. “Apresentamos na exposição um recorte significativo, com materiais originais que marcam todas as décadas desde os anos 1960 até obras feitas em 2018. É um material rico e panorâmico dessa poesia, que atravessou os tempos, tendo preservado e expandido o seu projeto de resistência cultural e de radicalidade da linguagem”, declara a curadora.

E. M. de Melo e Castro. Tontura, 1962-2018. Reprodução em adesivo. Publicado em Ideogramas, 1962

A exposição visa resgatar e evidenciar o histórico dos artistas e de sua valiosa produção cultural. Ao longo do período expositivo, será lançado um livro-catálogo, com edição de textos dos autores portugueses E.M de Melo e Castro, Ana Hatherly e Fernando Aguiar, além de reprodução das obras em exposição, em sua maioria nunca publicadas no Brasil. Estão previstas ainda lives com os poetas Fernando Aguiar e Silvestre Pestana.

A Poesia Experimental Portuguesa surgiu na década de 1960, desafiando métodos e convenções pré-definidas na cena artística portuguesa. Reconhecida em outros países como concreta, visual, espacial ou intersemiótica, autodenominou-se, em Portugal, Poesia Experimental com o lançamento, em 1964, de revista de mesmo nome, a qual alcançou o seu segundo número em 1966.

Ana Hatherly. O homem invisível, s.d. Tinta da china s/ cartolina, 14,5 x 14,5 cm

Dois acontecimentos antecederam o aparecimento em Portugal de manifestações originais da Poesia Experimental: primeiro, a rápida visita a Lisboa do poeta concreto brasileiro Décio Pignatari em 1956 e, segundo, a publicação em 1962, pela Embaixada do Brasil em Lisboa, de uma compilação da Poesia Concreta do grupo brasileiro Noigandres.

Em cerca de 60 anos de existência, a Poesia Experimental segue em atividade. Cada artista desenvolve uma maneira diferente de expressão da visualidade na poesia. Ao longo dos anos, as novas gerações de poetas deram continuidade às experimentações, mantendo sempre o princípio da invenção. Tudo pode virar poesia: poemas-objetos, poesia visual, poesia-performance, poesia-cinética e videopoesia.

Silvestre Pestana. Atómico Acto, 1968-2018. Publicado em Hidra nº2, 1968

Artistas na exposição

Abílio-José Santos
Américo Rodrigues
Ana Hatherly
António Aragão
António Barros
António Dantas
António Nelos
César Figueiredo
E. M. de Melo e Castro
Emerenciano
Fernando Aguiar
Gabriel Rui Silva
Jorge dos Reis
José-Alberto Marques
Nuno M. Cardoso
Rui Torres
Salette Tavares
Silvestre Pestana

Exposição: “Poesia Experimental Portuguesa”
Local: Centro Cultural São Paulo – CCSP
Endereço: Rua Vergueiro, 1000 – CEP 01504-000 – Paraíso – São Paulo – SP
Período expositivo: de 18 de setembro a 14 de novembro de 2021
Horários: de terça a domingo, das 11 às 18 horas
Entrada gratuita

Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Acesso para pessoas com deficiência
Telefone: (11) 3397 4002

Idealização e produção: Espaço Líquido
Apoio: Consulado Geral de Portugal em São Paulo
Realização: Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – ProAC Editais

(Carta Campinas com informações de divulgação)