(foto geraldo falcão – ag petrobras – div)

A maior reserva terrestre de gás natural, no Polo de Urucu, localizado na Bacia dos Solimões, no Amazonas, já está sendo vendida para a Eneva S/A. A empresa tem uma relação direta com o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável pelo programa de privatizações do governo federal.

O principal acionista da Eneva é o banco BTG Pactual, cujo ministro é um de seus fundadores e ainda exerce influência no grupo. A informação faz parte da análise sobre Urucu, realizada pelo Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) para o Observatório Social da Petrobrás (OSP). Em publicação recente, a Eneva já foi indicada como a ganhadora da disputa, ela teria vencido a 3R Petroleum, que ofereceu US$ 1 bilhão pelo negócio, mas a Petrobras não teria aceitado e começado a negociar com a Eneva. (Link)

Com a possível compra de Urucu, a Eneva ganhará força no mercado, passando a ser a segunda maior produtora de gás natural do país. A negociação envolve a venda de 10% da produção de gás nacional, pertencente à Petrobrás. A Eneva passaria, então, a produzir 14% de todo o gás brasileiro, mais que a Shell, que detém 11% da produção. A empresa já possui outros ativos na região Norte, os campos Azulão e Juruá.

O levantamento mostra que o BTG Pactual, segundo o Relatório de Referência da Eneva de 2020, é dono de 21,3% do total das ações da empresa de energia. Outro importante acionista é o fundo de participações Cambuhy, do banqueiro Pedro Moreira Salles, dono do Itaú Unibanco, com 22,8% das ações. Existem ainda mais dois acionistas relevantes, as cariocas Dynamo Investimentos e Atmos Capital (que tem relação também com a Cosan, que se comprometeu a comprar a fatia de 51% da Petrobrás na Gaspetro), com 6,25% e 5,31%, respectivamente.

 No coração da Amazônia
A Província Petrolífera de Urucu, descoberta em 1986, foi um marco na exploração de petróleo e gás natural na região Amazônica. O projeto foi idealizado pela Petrobrás no interior da maior floresta tropical úmida, no chamado coração da Amazônia.

Formado pelas concessões dos campos de Araracanga, Arara Azul, Carapanaúba, Cupiúba, Leste do Urucu, Rio Urucu e Sudoeste Urucu, todas localizadas nos municípios de Tefé e Coari, o polo possui o petróleo mais puro e valorizado do país. “Urucu tem um petróleo considerado como ‘óleo leve’ e com ‘baixo teor de enxofre’, pois seu grau de API é superior a 32 e o percentual de enxofre é inferior à média nacional, em torno de 0,45%. E quanto menos enxofre, menos poluente o produto”, destaca o economista Eric Gil Dantas, do Ibeps.

O API, criado pelo American Petroleum Institute (API), é uma forma de expressar a densidade relativa de um óleo ou derivado. “Quanto mais leve for o óleo bruto (menor densidade, maior grau API), maior o seu valor agregado, pois gera uma maior parcela de derivados ‘nobres’”, explica Dantas.

O complexo de Urucu é economicamente muito importante para o Amazonas, respondendo por 15% do PIB do estado e por grande parte do abastecimento de petróleo e gás regional. Em dezembro de 2020, de acordo com o estudo, o polo foi responsável pela produção de 38% do gás natural e 18% do petróleo extraído do Norte e Nordeste. (Com informações de divulgação)