O esquema de corrupção da compra da vacina Covaxin, investigado pela CPI da Covid, poderia ter tido o desfecho igual ao que está sendo investigado pelo Ministério Público e que envolve as empresas Global e Oncolabor/Tuttopharma, por causa “prejuízos ao erário” e “a morte de pelo menos 14 pacientes” na gestão do líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros (Progressistas-PR). A semelhança entre os esquemas é impressionante e os operadores são os mesmos, segundo apuração da CPI da Covid-19. Nos dois casos, são empresas e pessoas ligadas ao parlamentar Ricardo Barros, conforme revelou a CPI. Barros se tornou Ministro da Saúde logo após o Golpe Parlamentar de 2016.

Barros e Lira, no detalhe Ruth e a irmã (foto de marcelo camargo ag brasil e arquivo pessoal)

Reportagem de Mariana Alvim, da BBC Brasil, mostra como o esquema era igualzinho ao que estava sendo armado na Covaxin. No caso anterior, “A ação do MPF denuncia improbidade na venda do Soliris pela Oncolabor/Tuttopharma; e também dos medicamentos Aldurazyme, Fabrazyme, Myozyme e Elaprase, comprados da Global, em contrato fechado pelo ministério da Saúde. Ouvidos na investigação da procuradoria, funcionários do ministério relataram pressão de Barros, enquanto ministro, para liberar o pagamento antecipado à empresa Global. Logo que o contrato com a empresa foi firmado, concorrentes escreveram formalmente ao Ministério da Saúde informando que a Global não tinha aval das fabricantes nem autorização da Anvisa para importar os remédios. A partir daí, foram meses sem que os remédios fossem efetivamente entregues pela empresa, levando ao desabastecimento, adoecimento e morte de pacientes”. A pressão para pagamentos antecipados foi longamente discutido na CPI da Covid.

A reportagem ouviu a irmã de uma das pacientes mortas por causa do esquema de corrupção: “A sensação é que a história se repete, né? Ver essas notícias (denúncias de envolvimento de Barros em irregularidades na compra da Covaxin) traz um sentimento de impotência e indignação, uma revolta tamanha da nossa família toda”, diz Ruth, para quem a ação aberta pelo MPF caminha na Justiça Federal de Brasília com “lentidão”.

A mesma pressão foi feita no caso da Covaxin e o que a CPI apurou é que a empresa não conseguiria entregar as vacinas. O governo iria pagar pelas vacinas com boa chance de não receber. E o pior, o próprio Bolsonaro sabia de tudo, conforme sustentam os irmãos Miranda e o próprio Bolsonaro, que não refuta a informação. Mesmo Bolsonaro praticamente assumindo que sabia da corrupção na compra de vacinas, o presidente da Câmara, Arthur Lira, não analisa os pedidos de impeachment. (Veja reportagem completa AQUI)