.Por Marcelo Mattos.

O recente pedido da Procuradoria-Geral da República, pelo arquivamento de investigação contra congressistas bolsonaristas que impulsionaram e financiaram diversos atos antidemocráticos, que contou o próprio presidente Bolsonaro discursando em um dos protestos em frente ao QG do Exército, em Brasília, expõe definitivamente a subserviência da PGR aos interesses nefastos palacianos e a vivaldice do seu procurador-geral.

Aras (foto fabio rodrigues pozzebom – ag brasil)

A investigação da Polícia Federal teve como base o inquérito aberto em abril de 2020 em razão das pautas antidemocráticas, dos ataques e protestos públicos de caráter fascista, onde seus aliados defendiam o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), do Congresso Nacional e a reedição do AI-5 (Ato Institucional) através de intervenção ou golpe militar.

Segundo investigado, confirmou-se a efetiva participação de deputados federais, empresários aliados do Planalto, blogueiros, youtubers indóceis do canil bolsonarista, como Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, além da casta política-hereditária de filhos do então presidente da República. 

A Polícia Federal afirmou que a investigação permitiu identificar a “existência de um grupo de pessoas que se influenciam mutuamente, tanto pessoalmente como por meio de redes sociais digitais, com o objetivo de auferir apoio político partidário por meio da difusão de ideologia dita conservadora” (sic).

O relatório ainda apurou a tentativa do empresário Otávio Fakhoury e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na compra ou locação de uma rádio ou canal de mídia tradicional para fortalecer apoios políticos e a difusão do ideal extremista das ações golpistas e antidemocráticas.

Causa estupor os claros conflitos de interesses na decisão da PGR, a consequente parcialidade e a bajulação explícita do Procurador-Geral, Augusto Aras, buscando (ou barganhando, mercanciando?) uma possível indicação a um dos cargos vacantes a Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).  Senão, quais as reais motivações da esdrúxula decisão do vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques Medeiros, cinco meses após ser instado pelo ministro Alexandre de Moraes a se manifestar sobre a continuidade das apurações, afirmando que “o inquérito não conseguiu apontar a participação e financiamento dos deputados e senadores nos crimes investigados”?

No entanto, a Polícia Federal indicou ao STF as linhas de investigação e a abertura de um novo inquérito para apurar o envio de dinheiro do exterior para financiar as manifestações antidemocráticas, bem como apontando a tentativa de obstrução dos trabalhos da CPI das Fake News.

Ainda sobre a demora na resposta ao Supremo, a Procuradoria-Geral da República, que age mais como uma advocacia presidencial, afirmou que recebeu o inquérito em fevereiro, quando o relatório parcial de mais de 150 páginas finalizado em dezembro foi remetido à PGR em 04 de janeiro, sem que tenha, por omissão ou prevaricação, realizada uma única diligência.