A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) expôs mais uma vez que está subjugada pelo aparelhamento ideológico bolsonarista que tomou conta de todos os órgãos do Estado brasileiro. A decisão de limitar a importação da vacina russa Sputnik V a 1% da população, apenas dos estados do Nordeste que fizeram o pedido, só comprova o caos sanitário que o país vive com o governo Bolsonaro.

(foto renato alves – ag brasilia)

Não há qualquer lógica científica ou racional na liberação da vacina russa em uma quantidade tão ínfima, a não ser para impedir que os governadores do Nordeste vacinem a população e salvem vidas. A Anvisa totalmente aparelhada tenta impedir a vacinação fora do controle político do governo Bolsonaro, nem que para isso custe milhares de vidas de brasileiros.

A Anvisa no governo Bolsonaro tem um histórico de ações ideológicas contra qualquer ação para salvar vidas fora do controle do governo federal. Mas agora ela assinou em baixo. Após a permissão da compra de 1%, agência divulgou uma informação obtusa que comprova seu aparelhamento ideológico. A Anvisa disse que que “vai analisar os dados de monitoramento do uso da vacina para poder avaliar os próximos quantitativos a serem importados”. Bingo! É uma afirmação estúpida.

É estúpida porque a vacina russa Sputnik V foi aprovada por órgãos reguladores de 66 países e já aplicada em milhares de pessoas pelo mundo. Há inúmeros dados, avaliações e estudos de acompanhamento em vários países do mundo. Bastava a Anvisa estabelecer um intercâmbio com esses órgãos. Ou será que a Anvisa acredita que a genética do brasileiro é diferente da do restante do mundo? O brasileiro tem 6 dedos em cada mão? Por que não receber informações e estabelecer cooperação com órgãos reguladores de outros países que aplicaram a vacina, independente dos próprios produtores da vacina? A decisão da Anvisa é insustentável cientificamente e só explicável politicamente. Com 3,5 milhões de cobaias pelo mundo, inclusive chefe de Estados, a Anvisa diz que precisa esperar para ver a reação com os brasileiros. São quase 500 mil mortos e novas variantes.

Se quisesse realmente ter uma certa precaução, a Anvisa poderia limitar essa quantidade a 20% ou 30% da população dos estados, por exemplo. Além disso, um número maior iria dar mais segurança dos dados do acompanhamento das pessoas vacinadas. É uma decisão tão obtusa, pelos dados internacionais, que não faz o menor sentido científico.

No governo Bolsonaro, a Anvisa já regista um histórico de ações anacrônicas e aparelhadas. Só para lembrar algumas, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, foi sem máscara a manifestações a favor de Bolsonaro durante a pandemia. Em outra ocasião, durante a aprovação da Coronavac, a agência fez uma série de lambanças no estilo bolsonarista e conseguiu atrasar a vacinação no Brasil.

Uma das ações mais nefastas da Agência ocorreu em novembro de 2020, quando o aparelhamento bolsonarista decidiu paralisar os testes da Coronavac por causa do suicídio de um voluntário, que nada tinha a ver com os testes (LINK). Lembre-se que Bolsonaro disse que não iria comprar a ‘vacina chinesa’ do Butantan.

Depois da lambança vergonhosa e da pressão da sociedade, a Anvisa voltou atrás e liberou a pesquisa do Butantan. Em seguida veio com a desculpa que já se tornou comum no governo Bolsonaro. Eles disseram que um hacker tinha impedido a Anvisa de checar as mensagens do Butantan (LINK). A história do hacker não se sustentava, mas tem sido uma desculpa comum no governo.

Quando vetou a Sputnik V pela primeira vez, a Anvisa mostrou uma informação negativa contra uma outra vacina russa, que nada tinha a ver com a Sputnik V. Agora, a autorização de importação excepcional da Sputnik V abrange apenas quantidade predeterminada. A Anvisa não autorizou o uso emergencial da vacina, mas apenas a utilização de quantitativos específicos sob condições controladas.

A Anvisa autorizou a importação por seis estados num total de apenas 928 mil doses. O estado da Bahia foi autorizado a importar 300 mil doses; Maranhão, 141 mil doses; Sergipe, 46 mil doses; Ceará, 183 mil doses; Pernambuco, 192 mil doses, e o Piauí, 66 mil doses. A limitação apenas para os estados que pediram é mais uma ação perversa e ideológica, visto que todos os estados poderiam importar a vacina.

Na mesma reunião, a Anvisa fez um jogo duplo, dando uma aparência de ciência onde só havia aparelhamento ideológico. E isso fica patente na comparação com o pedido de importação da Covaxin. No caso da Covaxin, pedido feito pelo próprio Governo Federal foi autorizada a importação 4 vezes maior do que a Sputnik, com até 4 milhões de doses. Se a preocupação de ambas as vacinas é a segurança, por que não liberar 4 milhões de doses da Sputnik? Isso é um absurdo ideológico sem precedentes. (Carta Campinas com informações da Agência Brasil)