Do 247

Jair Bolsonaro fez lobby para que duas empresas brasileiras recebessem da Índia insumos para a produção de cloroquina, um remédio usado contra a malária, mas que foi empurrado para a população brasileira como solução milagrosa contra a covid-19, colocando o Brasil em risco e na liderança das mortes pela doença. É o que aponta reportagem de Paulo Cappelli, publicada nesta quinta-feira, no jornal O Globo.

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“Jair Bolsonaro atuou diretamente em favor de duas empresas privadas solicitando ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em abril do ano passado que acelerasse a exportação de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a Covid-19. Um telegrama secreto do Ministério das Relações Exteriores em posse da CPI da Covid no Senado contém a transcrição do telefonema feito por Bolsonaro no qual o presidente cita nominalmente as empresas EMS e Apsen ao pedir que a Índia liberasse a exportação dos produtos. Senadores da comissão avaliam que a ligação é prova importante do envolvimento pessoal do presidente com o fornecimento para o Brasil do remédio sem eficácia”, escreve o jornalista.

“As duas empresas beneficiadas diretamente pela atuação são comandadas por empresários que têm relações com o bolsonarismo. O presidente da Apsen, Renato Spallicci, é um apoiador de Bolsonaro. Ele declarou voto no atual presidente em 2018 e tinha várias postagens nas suas redes sociais com ataques a seus adversários e defesa do governo. Ontem, ele foi convocado a prestar depoimento na CPI da Covid. O CEO da EMS, Carlos Sanchez, já foi recebido por Bolsonaro para reuniões no Palácio do Planalto e participou recentemente de jantar com empresários realizado em São Paulo no qual o presidente foi ovacionado”, pontua ainda Cappelli.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) anunciou, nesta quinta-feira (10), que irá acionar a Procuradoria Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro. A denúncia será baseada em documentos da CPI da Pandemia que comprovam que Bolsonaro intercedeu diretamente em favor de duas empresas privadas na compra de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina, remédio comprovadamente ineficaz contra a Covid-19. (Do 247)