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Basta! Não quero mais! Parei de gastar energia discutindo com racistas

Não perca tempo com racistas!

.Por Ricardo Alexandre Corrêa.

As ideias não podem ser mudadas por meio de argumentos. Não estamos procurando descobrir novas ideias, mas sim criar novas atitudes em nós mesmos e nos outros em relação às ideias. (James Boggs)

Basta! Não quero mais! Parei de gastar energia discutindo com racistas nas redes sociais, a minha paciência atingiu o limite. Cheguei à conclusão de que não adianta apontar os estarrecedores números de assassinatos, de encarceramentos, mostrar os dados econômicos e citar reflexões de Lélia Gonzalez, Abdias do Nascimento, Clóvis Moura, Amílcar Cabral, Frantz Fanon, Angela Davis.

(foto juan manuel merino – ilustr. – ul)

Os racistas não dão a mínima importância. Eles não estão dispostos a conhecerem as histórias dos negros que as escolas negligenciaram e os impactos contemporâneos na sociedade. O apego pelos privilégios deixou-os resistentes a qualquer argumento que defenda a reparação histórica e os direitos para os negros. E se pensarmos com certo cuidado, concluiremos que o racismo institucional não se resolve na conversa.

O racismo institucional aparece como um conjunto de mecanismos, não percebido socialmente e que permite manter os negros em situação de inferioridade, sem que seja necessário que os preconceitos racistas se expressem, sem que seja necessário uma política racista para fundamentar a exclusão ou a discriminação. O sistema nessa perspectiva funciona sem atores, por si próprio. (Wieviorka, 2006, p.168)

Eu acredito que a educação antirracista, em uma sociedade baseada no individualismo e subjugação dos negros, somente alcançará seus objetivos através de processos políticos que possam melhorar as condições simbólicas e materiais dos negros. Não esqueçamos que a realidade concreta produz aprendizados. Para tanto, será pressionando as instituições públicas e privadas para a mudança social. Temos que bater de frente com a exploração capitalista que faz dos negros os párias na sociedade, a maioria faminta e ocupando funções de baixo valor social. Eu quero que os negros ocupem a maioria dos cargos importantes neste país, e deve ser negros que tenham compromisso político com a emancipação do nosso povo. Além disso, a justiça criminal não pode continuar elegendo os negros como inimigos sociais. Não aguentamos mais depararmos com negros ocupando a maioria das valas dos cemitérios e prisões deste país. Isso precisa mudar urgente! Precisamos humanizar os desumanizados, assim veremos destruídas as imagens estereotipadas e estigmatizadas que o racismo nos imputou. Os racistas não precisarão nos ouvir e nem gostar da gente. Estarem acordados para apreenderem a realidade é o suficiente, a nossa conquista será através da organização dos movimentos negros. Lutamos por direitos e não por afagos.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações.” (Brandão, 1985, p.7)

E cá pra nós, estamos adoecidos mentalmente de tanta exposição racista. Por esses motivos, deixarei os racistas à vontade para acreditarem em racismo reverso, na existência da democracia racial e outras bobagens. Eu não estou nem aí! Seguirei compartilhando conhecimento nas redes sociais e conversando com o nosso povo. Fortalecer a consciência negra é o caminho para criarmos novas atitudes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, C. Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Abril Cultura; Brasiliense, 1985
Wieviorka, M. (2006). Em que mundo viveremos? São Paulo: Perspectiva.

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