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Visitas à exposição ‘Ivan Serpa: a expressão do concreto’ aproximam público dos ‘jogos de amar e armar’ do artista

Em São Paulo – O público de São Paulo pode acompanhar presencialmente, a partir de 03 de fevereiro, as visitas mediadas à exposição “Ivan Serpa: a expressão do concreto”, que conta com obras oriundas de diversas coleções das várias fases do artista, abrangendo sua multiplicidade estética e técnica. Apesar de ser mais conhecido pelo Concretismo, o artista também se aventurou pela liberdade do Expressionismo, sem nunca perder contato com a ordem e a estrutura.

Ivan Serpa, O Beijo (1966) (Imagem: Centro Cultural Banco do Brasil/Divulgação)

A exposição se compõe como uma ampla retrospectiva com mais de 200 obras de um dos artistas mais importantes da arte moderna e contemporânea brasileira a partir de sua relação com o concretismo. O artista encabeçou o Grupo Frente, coletivo do qual participavam artistas como Lygia Clark, Franz Weissmann, Abrahan Palatinik e Hélio Oiticica. Os trabalhos expostos são de diferentes fases e mostram as diferentes linguagens artísticas que Serpa trabalhou durante sua carreira. 

Com curadoria de Marcus de Lontra Costa e Hélio Márcio Dias Ferreira, a mostra traz pinturas do período concretista; peças de caráter expressionista, da fase Negra, que o artista preferia denominar Crepuscular; obras das fases Op-Erótica, Amazônica, Mangueira e Geomântica revelam um aspecto místico do artista.

A trajetória de Serpa, ainda que breve, deixou uma marca significativa na história da arte nacional, graças à sua sensibilidade, liberdade e ousadia.

“Depois da Segunda Grande Guerra, o modernismo internacional viu-se diante de um desafio: reconstruir esteticamente o Ocidente utilizando a racionalidade dos processos de seriação industrial, acrescida de sensibilidade humanista e romântica. No Brasil, surgiu uma talentosa geração no cenário artístico e, entre tantos, desde o início destacou-se o nome de Ivan Serpa, artista e mestre, inquieto criador, protagonista de um movimento concretista que integrou valores internacionais e aspectos particulares da realidade brasileira.

Após um período de grande repercussão das suas obras abstratas geométricas, o artista viajou para a Europa. Travou contato direto com os grandes mestres da pintura e percebeu que lhes faltavam conhecimentos técnicos na arte de pintar. Em seu retorno ao Brasil, já nos anos 60, experimentou outras linguagens. Produziu obras que estabeleciam contato com os movimentos da abstração considerada informal, com a figuração expressionista, além de criar novas técnicas gráficas. Chegou a retomar a abstração geométrica, por vezes mesclada ao figurativismo, e não se furtou a usar inspiração mística no final da carreira.

A figuração aparece nas séries Bichos e Mulheres e bichos; são imagens contundentes, repletas de violência e sensualidade. Serpa captou esse novo cenário e dele se apropriou à sua maneira, numa linguagem sensual, dramática e tensa, na qual o corpo feminino é abrigo de uma gráfica barroca.

A violência das guerras pelo mundo e o clima de frustração causado pela destruição dos projetos de transformação social e política no Brasil fazem com que Ivan Serpa, premonitoriamente, anuncie tempos de chumbo e de medo, no potente grito pictórico de tétricas imagens na série de pinturas normalmente chamada de Negra e que o artista preferia denominar, poeticamente, de Crepuscular.

Crédito: Coleção Família Serpa/ Foto Jaime Acioli Obra Cabeça, de 1964

No trabalho como restaurador de obras raras em papel, função que desempenhou como funcionário da Biblioteca Nacional, observou atentamente a ação de cupins e produziu obras que chamou Anóbios, com uma trajetória microscópica que delineava elaboradas filigranas, pequenos labirintos observados e recriados pelo artista.

Crédito: Coleção Luiz Guilherme Schymura Fase Anóbios, de 1961

As estratégias da pop art atuaram como afirmação da liberdade, bem como instrumento essencial da criação. Mas foi, através de certos procedimentos oriundos da op art, que o pintor reencontrou a imposição da ordem, do ritmo, da modulação e da gráfica, que marcaram as estratégias estéticas da arte geométrica, ainda na década de 1960.

Crédito: Coleção Luiz Alberto Danielian Faixas em ritmo resultante, obra de 1956

Suas telas foram compostas por elementos articulados, jogos de armar e amar, e suas cores foram vibrantes, tropicais e populares. Depois de tantas imagens e vida percorrida, o artista deixou seu legado em apenas duas décadas. Mas, antes de partir, retornou parabolicamente ao seu princípio e à sua essência, produziu com geometria a fase Geomântica. Enquanto alguns cobravam do pintor coerência com estilos e vertentes estéticas, ele respondia com ousadia e liberdade.

Crédito: Coleção Família Serpa/ Foto Jaime Acioli Obra sem título, da série geomântica, feita em 1972

No mundo contemporâneo, somente a instância artística garante ação criativa e semântica ao ser humano, impedindo que as grandes redes de comunicação façam de cada usuário apenas uma figura incapaz de articular e definir os jogos de significados conectados a uma trama virtual e global. Exemplos como os de Ivan Serpa são lições permanentes; fornecem a régua e o compasso para a criação da ousadia e da liberdade essenciais para a vida humana”. Hélio Márcio Dias Ferreira e Marcus Lontra (curadores)

Nas visitas mediadas os educadores se juntam ao público para dialogar, trocar ideias, compartilhar impressões sobre as obras, produzindo novos significados a partir das narrativas presentes nas exposições em cartaz.

O tour virtual para a exposição pode ser acessado pelo SITE do CCBB.

A partir de 03/02 – Domingos, segundas, quartas e sextas, às 10h30 e às 16h30 | Quintas e sábados às 10h30 – Visitas Mediadas: Exposição Ivan Serpa: a expressão do concreto

Duração: 1h | Capacidade: 6 pessoas, mediante agendamento prévio através da plataforma Eventim | Classificação indicativa Livre | Indicada para pessoas acima de 5 anos.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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