Três anos. Este é o tempo de vida do Subsolo -Laboratório de Arte em Campinas. Para comemorar o aniversário, o produtor executivo Danilo Garcia organizou a exposição A Descoberta do Mundo sobre a escritora Clarice Lispector que, em dezembro passado, teria completado 100 anos de vida. A artista visual Flavia Pircher, que tem sua pesquisa centrada na cerâmica, traz para o espaço a mostra Ilhas Solitárias. O evento será aberto nesta sexta-feira, dia 29 de janeiro, às 16h, na Rua Proença, 1000, com visitação agendada e seguindo o protocolo contra a Covid19.
Em A Descoberta do Mundo, Garcia faz uma releitura de algumas obras de Clarice trazendo para o ambiente expositor um clima de intimidade e reflexão, como as obras da escritora sugerem. Dentro da mostra, no dia da abertura, entre às 19h e 21h30, será projetado um vídeo de Danilo Garcia, com o apoio do Instituto Moreira Salles, na parede dos fundos prédio do Subsolo. Os transeuntes estão convidados a assistir a partir da rua Monte Castelo, entre os números 600 e 666, no bairro Proença.
Já as obras de arte de Flavia Pircher ocuparão duas salas. Segundo o curador desta mostra, Andrés I. M. Hernández, as obras de Pircher se projetam como alfabetos visuais, e estão em sintonia com a exposição de Clarice Lispector. “É como se as instalações de Pircher se articulassem em manifestos visuais que reforçam os diálogos entre as modalidades artísticas: a cerâmica expandida”, explica o curador. Neste alfabeto heterogêneo, Pircher enfrenta os desafios atuais para articular, prioritariamente, plataformas digitais às adequações e desafios que caracterizam o artista visual: som, movimento, cromatismo, cartografias cromáticas. “São tensionamentos visuais e conceituais diluindo as fronteiras do comum e rotineiro”, diz Hernández. As instalações da artista veiculam também a divulgação do projeto editorial “Transgressões Cerâmicas”, que está em andamento e tem previsão de lançamento em 28 de maio de 2021, quando se comemora o Dia do ceramista.
A escolha da escritora Clarice Lispector para comemorar o aniversário do Subsolo, para Garcia, vem ao encontro do que representa o espaço. “O Subsolo é um laboratório de arte e, portanto, abarca todas as artes. Esta é uma forma de reforçar este princípio. Além disso, levamos em conta a questão da comemoração do centenário dela em dezembro de 2020”, conta ele, refletindo que o atual momento – pandemia, quarentena etc – tem nos obrigando a manter contato com nós mesmos, nos olharmos mais profundamente. “E Lispector nos fala justamente disso em suas obras, do voltar para si, dessa autodescoberta, da complexidade de viver, de ser. A ideia foi trazer esse universo, seja o mundo que a gente vive ou o mundo interior que temos”, diz Garcia.
Nos aniversários anteriores, o espaço cultural comemorou o seu primeiro ano com a apresentação das obras da arquiteta Lina Bo Bardi. No segundo ano, a artista multimídia Regina Silveira foi a homenageada e ela fez questão de estar presente.
O Subsolo inicia suas atividades em 2021 com fôlego renovado. As exposições A Descoberta do Mundo e Ilhas Solitárias, em conjunto com o projeto “Transgressões Cerâmicas”, evidenciam o compromisso, respeito, parceria, caráter, ética do Subsolo com seu público, “pois mesmo sem recursos financeiros e nenhum apoio público ou privado, demonstrar que é possível fazer da arte uma ferramenta mutável e sólida na divulgação de pesquisas artísticas que, adaptadas às situações temporais, consolidem seu papel em todos os momentos da vida e ajude na instrução e posicionamento crítico do ser humano”, afirma Hernández.
O Subsolo é um laboratório de arte que produz exposições, cursos, workshop e residência artística, e que já apresentou em Campinas artistas visuais renomados nacional e internacionalmente. Durante 2020, mesmo com o enfrentamento da pandemia, Danilo Garcia e o professor e curador Andrés I. M. Hernández, sócios no espaço, conseguiram realizar 13 exposições, entre físicas e online, sem contar os cursos online e as lives transmitidas via Instagram e de salas de reunião.
“Apesar da situação dramática que estamos vivendo, procuramos trazer para o público um pouco de arte, atendendo aquele ditado que diz que a arte salva, a arte alimenta o espírito. Para nós que vivemos dela e respiramos através dela como agentes culturais, foi fundamental nos reinventarmos para manter o espaço e levar um pouco daquilo que acreditamos que faz bem à vida”, diz Garcia.
Abertura das exposições: A Descoberta do Mundo e Ilhas Solitárias
Quando: sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
Horário: das 16h às 20h
Onde: Subsolo – Laboratório de Arte – Rua Proença, 1000 – Campinas (SP)
Período de visitação: 1º a 28 de fevereiro de 2021
Visitação com agendamento pelo (11) 94965-5722: de segunda a sexta, das 12h às 17h – observar uso de máscara.
Livre para todos os públicos
Entrada gratuita
(Carta Campinas com informações de divulgação)